quarta-feira, julho 29, 2009

Porque eu sempre me divirto...


Recebi um email do meu pai ontem que dizia: "Nunca vi alguém se divertir tanto com uma mudança. Enquanto todo mundo fica puto, você faz festa". É mais ou menos por aí. Explico.

Finalmente eu mudei. Foi uma labuta e tanto mas aproveitei meu recesso de uma semana pra fazer a mudança, encaixotar coisas e cuidar dos detalhes não-tão-sórdidos assim. Como disse antes aqui, eu estou curtindo cada coisinha, até mesmo o fato de ter encaixotado todos os controles remotos e estar sem televisão e DVD há uns 5 dias porque não os encontro. Tô rindo pras paredes (ainda vazias) de tudo. Acordo de manhã e ligo o computador na Band News ou CBN online e sigo me arrumando e ouvindo as notícias, na falta da Globo News ou do Bom Dia Brasil. Pra tudo a gente dá um jeito quando está feliz.

E foi isso que resultou nesse email do papai. De fato, eu me divirto com tudo o que envolve esse processo de mudança e ainda gosto de compartilhar. Então encontrei ontem um site que vai transformar a batedeira Walita da década de 50, que ganhei da vovó (que ela pensava em jogar no lixo: "ganhei uma nova tão vagabunda, mas tão vagabunda, que você une as duas pontas da tigela de tão mole que é o plástico, mas é mais moderna" e eu dei piti, já que não existem mais batedeiras com vasilhas de vidro) num eletroportátil funcional e... vermelho! Quase surtei, né? Logo escrevi pro progenitor contando a grande novidade.

E por falar em eletrodomésticos, fico me lembrando que fui sempre assim. Quando dividia apartamento com amigos, naquela época à qual me referi em post anterior, dávamos nomes pra tudo o que chegava lá em casa. É que a gente não tinha dinheiro pra esses luxos e tudo era motivo de comemoração, no sentido real da palavra. Um exemplo foi o fogão, batizado carinhosamente de "Nestor", numa homenagem ao melhor amigo do Zé Carioca, personagem dos quadrinhos, já que tudo o que era feito ali ficava preto que nem ele. Quando o Nestor chegou em casa, promovemos uma festa, convidamos os amigos e, à meia-noite, acendemos as quatro bocas, apagamos as luzes e cantamos parabéns. Lindo, não? Eu achei.

Quando o hit "Livin' la Vida Loca" do Rick Martin estava no auge não resistimos em chamar assim nosso novo micro-ondas, afinal ele era "lindo, quente e fazia coisas gostosas enquanto girava". A cafeteira foi carinhosamente chamada de "Clara Nunes", branca de alma negra. Pegou o espírito da coisa?

E pra mostrar que o contexto ajuda muito nesse processo de diversão, quando nossa máquina de lavar roupas chegou pra ser entregue, por algum motivo que não lembro agora, não conseguia passar direito pelo espaço que tínhamos na área de serviço. Foi aí que eu e minha roommate, Lu Nassif, entoamos o hino que iria batizar a dita cuja: "A nova lavadora é linda! Deixa ela entrar". Não lembra? Era a música do momento do grupo É o Tchan saudando a chegada na nova loira no grupo: Sheila. Lavou muita roupa lá em casa, a Sheila.

E como não dá pra contar toooodos os nomes que inventamos, vou finalizar com nossa geladeira, a "Magda", uma alusão ao personagem da Marisa Orth em Sai de Baixo: "linda por fora e vazia por dentro". Vai dizer que dá pra não se divertir com mudança? Vai dizer que você faz cara feia e reclama porque tem que colocar cada coisa em seu lugar e vai ficar com dor na coluna? Meu bem, hello!!!! Isso faz parte do processo! Eu me divirto mesmo, faço tudo ouvindo um bom rock and roll e comemorando cada coisa entregue no meu novo lar. Sentada no chão, cozinhando miojo na leiteira antes de comprar as panelas e fazendo caixa de mudança de mesa de centro. E te garanto: estou muito feliz assim.

Beijinhos de quem tá até hoje desencaixotando e cantando atrás de um certo controle remoto.

sexta-feira, julho 17, 2009

Minha Casa, Minha Vida

Ilustração: Penelope Dullaghan

Sempre gostei de coisas de casa. Quando morava sozinha já tinha um prazer enorme de procurar apetrechos e utilidades do lar bacanas pra enfeitar minha casinha. Se já era assim antes, imaginem agora, que tenho mais possibilidades de escolher como quero que tudo fique.

Naquela saída de casa aos 21 anos, fui morar com um amigo que já tinha o apartamento mobiliado. Levei de mudança apenas meu quarto e nada mais. Saí de lá pra alugar outro apê com outra amiga e foi aí que começamos a comprar coisinhas. Mas como nós não tínhamos muita grana, herdamos das famílias e amigos tudo o que pudemos. E fizemos um chazinho de casa nova pra completar o que faltava.

Com essa história, "minhas casas" sempre tiveram minha cara, mas nunca meu gosto. Explico: Era um sofá que alguém me dava, com estantes que mamãe não usava mais, a mesa de vidro que papai me emprestou e cadeiras compradas em algum bazar. Ou seja, os apartamentos eram lindos, aconchegantes, mas praticamente um Frankstein!

Agora estou curtindo escolher meus mimos, meus móveis, a cor da parede que quero colocar. Passo pela rua do Beirute, conhecida como Rua das Elétricas e fico pirando nas luminárias que podem vir a decorar minha nova casa. E passear no shopping de lojas de móveis e querer tudo o que encontro pela frente? Vou ter que arrumar um apartamento um pouquinho maior se continuar surtando assim...

E como eu sou bem filha da minha mãe, ela entrou na empolgação junto comigo. Já me deu presentes ótimos pro meu novo lar: um frigobar retrô vermelho, uma escultura assinada do Romero Britto e uma caixa de ferramentas que é um jogo de bar, com direito à coqueteleira em formato de pinguim, porque eu mereço. E como eu não posso deixar de contar com a ajudinha dos amigos, já tenho uma lista pronta pra enviar quando for fazer meu chá de casa nova. Sim, porque se eu for comprar tu-di-nho que uma casa precisa de uma vez só, vou à falência. E quinquilharias de cozinha vindas dos amigos deixam tudo muito mais divertido.

Agora, já pensaram que luxo não vai ser o meu cafofo? Presentinhos de mamãe, da família e dos amigos. Somam-se a isso uma mesa tulipa do designer finlandês Eero Saarinen (sonho de consumo há anos que consegui realizar), com tampo em mármore de carrara e cadeiras de acrílico de Charles e Ray Eames. Sim, eu sou luxo só. Fico só imaginando onde vai entrar cada detalhe, se coloco a obra de arte linda-e-maravilhosa no aparador ou em cima da mini-geladeira anos 50. Se o tapete será preto ou se uma parede vai ter bolinhas, como eu imaginei desde o início. Se a gravura show-de-bola do artista espanhol Tomás Viana fica na sala de jantar ou na sala de estar. Oh dúvida! Oh vida!

Se todas as questões do mundo fossem assim, a gente tava feito, né? A parte engraçada é que eu já tenho todas essas coisas e ainda nem fechei o aluguel do apartamento. Ansiosa? Sou sim, e muito. Precipitada? Nem tanto. Sou mesmo é gente boa, sabe. Eu sou tão legal, mas tão legal que convenci o proprietário do apartamento de pintar o apartamento do jeito que eu quero sem sequer ter recebido ainda minha documentação pra fecharmos o negócio. É que o negócio já tá mais que fechado, minha gente. E como diz minha amiga Pri, este será o meu castelo. E já tenho a certeza de que o tapete vermelho já foi estendido pra me receber.

Beijinhos super ansiosos, prontinha pra receber as chaves da porta da esperança.

sexta-feira, julho 10, 2009

O bom filho à (sua) casa torna...

Ilustração: Seonna Hung

Quase quatro meses de sumiço completo do blog. Já fui mais séria com isso... mas a gente sempre encontra bons motivos pra voltar, não é mesmo? Pois bem, eu encontrei um ótimo motivo pra voltar a escrever: decidi morar sozinha de novo, depois de 6 anos na casa da mamãe.

Aos que não sabem e não acompanham o Milk Shake desde o início, eu já fiz isso antes: brinquei de casinha por um tempo. Aquelas coisas que a gente faz quando é (muito) novo e acha que vai conquistar o mundo. Não, eu não saí de casa pra morar em outra cidade, fazer intercâmbio ou trabalhar fora. Eu simplesmente, aos 21 anos, virei pra minha família e disse: "tô indo". E fui. Fui tentar entender o que era ser adulto, ter responsabilidades, pagar contas e fazer escolhas. Fui bater a cabeça e descobrir determinados valores que a gente só entende depois que cresce de verdade. Deu certo mas eu cansei e um dia voltei, sem dó nem remorso. E como toda mãe, fui recebida de braços extremamente abertos pela minha. E carinho, cuidado e chá quente quando fico gripada. Porque ficar doente sozinho é muito chato.

Colocando o saldo da brincadeira em números, dá mais ou menos a seguinte conta: em 6 anos de "independência", morei em 4 apartamentos diferentes, mais 5 pessoas com quem dividi um lar e 1 namorado que resolveu se mudar pra minha casa sem me avisar que eu tava "casando". Claro que não durou. Fiz uma nova "família" que até hoje se encontra e faz farras como nos velhos tempos.

Um dia eu olhei pros lados e pensei: "Pô! Eu tenho 27 anos, sou solteira, sem filhos e vivo pra pagar contas e decidir se pago a conta de telefone ou vou ao cinema". É, a vida era dura, eu ralava um bocado e, logicamente, sempre pude contar com uma forcinha extra da família. O que pesou foi ver todos os meus amigos aproveitando, viajando, curtindo todas, no auge dos 20 anos e eu lá... fazendo faxina e contando os trocados pra ver se conseguiria sobrar um trocadinho praquela sandália linda que eu tinha visto na liquidação no shopping. Tudo na vida é mesmo um questão de... escolhas.

Foi então que eu decidi considerar um convite da mamãe de voltar e ter dinheiro pra viajar e comprar as minhas coisas. Juntar pra comprar um apartamento? Quis não. Já sei que vou fazer isso boa parte da minha vida e ali o que eu queria mesmo era aproveitar. E aproveitei, viu!!! Ô, e como! Aproveitei tanto que tive tempo pra trabalhar, viajar e estudar pra concursos. Agora passei, tô bem, estável e senti, aos 33 anos, que estou suficientemente adulta pra encarar um segundo round e tocar minha vida. As condições agora são outras e eu estou muito feliz com minha decisão.

Tudo está acontecendo aos poucos. Ainda estou em fase de negociação com o apartamento dos sonhos (torçam pra dar certo!) e quando vou ao shopping, as placas de "Sale, Liquidação ou Bota Fora" não estão me encantando. A não ser que fogão, geladeira, micro-ondas e coisinhas de casa estejam incluídas no pacote. Pois é, meus amigos, estou totalmente voltada para o universo "casa" no momento. Cabeça, ombro, joelho e pé só trabalham pra isso. E quero (e vou) compartilhar este novo momento com vocês.

Mamãe? Vai ficar ótima. Estou indo morar pertinho dela pra não perder o hábito de ganhar cafuné nem perdê-la de vista. O importante é que nossos pais sempre sabem que a gente um dia cresce de verdade e tenta realmente mudar o mundo. Vou tentar fazer a minha parte. Meu mundo voltou a ser uma caixinha de surpresas que eu tô louca pra desbravar!

Boa sorte pra mim! Beijinhos de nova vida, novas perspectivas e, principalmente, saudades de todos vocês, meus leitores. Voltei!