sexta-feira, outubro 09, 2009

A senhora vai querer de que sabor?


Começou há três semanas. Desde então, meu celular toca religiosamente todos os dias depois das 18h, de números desconhecidos, sempre alguém pedindo uma pizza. E segue tocando até perto de meia-noite. Eu disse todos os dias. Não entendi nada no começo. "Pizza? Que pizza?? Pirou??". Fiquei bem irritada pra falar a verdade. "É engano, meu filho! Este número é particular". Depois de uma semana tentando acreditar, me convenci: meu número estava em algum lugar como sendo de uma pizzaria delivery. Ok. Coisas que acontecem só comigo.

Então perguntei pra um dos esfomeados que me ligava: "Vem cá, onde você pegou este número? Ah, num panfleto que distribuiram no Gama? Que ótimo, hein? E não tem um número fixo aí? Tem?? Então me passa por favor!!". Ligo lá e atendem num italiano chinfrim: "Bom Giorno". Bom giorno é a p** que te p**!!!! Não, eu não disse isso, mas tive muita vontade. "Olá, boa noite, tudo bem? Não, não quero pizza, quero apenas informar que vocês publicaram o número do meu celular no panfleto de vocês e que não aguento mais atender pedidos de pizza". A moça, muito educada e sem graça, me pede desculpas e conta que já mandaram fazer panfletos novos e com o número certo. Tá. E o que a gente faz com os antigos?? Nada, óbvio. Senta e atende novas ligações, Mayra.

Quando comentei com amigos, ouvi de muitos: "Ah Mayra, entra na brincadeira, anota os pedidos". Gente, eu sou doida, sou divertida, sou sarcástica... mas não sou uma pessoa . Já pensou que horror você estar em casa com fome, pedir uma pizza, achar que ela vai chegar e ela nunca dar notícias de vida, porque um engraçadinho resolveu curtir com sua cara? E por conta de um erro que você não tem culpa nenhuma? Não, eu nunca faria isso. Mas também não disse pra ninguém fazer.

Outro dia lá em casa estava recebendo uns amigos e o telefone, como de praxe, destrambelhou a tocar. Final de semana, comprovadamente, as pessoas pedem mais pizzas, muitas pizzas. A amiga pega o telefone e resolve me dar uma força: "Não amigo, publicaram este número errado, ligue pro fixo". Depois de atender umas 10 ligações, se diz cansada. O marido então assume o telemarketing e resolve que vai se divertir um pouco. Foi o que eu disse: fazer eu não faço, mas não proibo ninguém de fazer nada. Devo confessar que nos divertimos MUITO. Nunca rimos tanto. A cada ligação, ele atendia falando numa língua diferente. Isso quando não oferecia os tipos mais esdrúxulos de sabores e ouvia, em 90% das vezes, toda sorte de palavrões. As pessoas ficam irritadas quando estão com fome, néam?

A brincadeira valeu por uma noite. Porque nas seguintes continuou a mesma rotina de sempre. Outro dia até fiz amizade. A moça ficou tão penalizada com a minha situação que até esqueceu da pizza. Começamos a conversar e ela me contou que passou por situação parecida, mas publicaram o número dela num outdoor de promoção de uma rádio. Foi mais fácil de resolver mas o celular dela tocou um bocado. E hoje é sexta-feira e tem feriado vindo aí. Meu telefone vai bombar, certamente. Já nem reclamo mais. Se tiver na balada, não atendo números desconhecidos. Se tiver dormindo, ponho no silencioso. E, tenho certeza, quando isso acabar, bem possível que eu entre em depressão. Afinal, é tão bom ouvir o telefone tocar quando se mora sozinha. Nem que seja engano e pra te pedirem uma pizza.

Beijinhos delivery de bom feriado pra todos.

quarta-feira, outubro 07, 2009

As pessoas mudam quando mudam

Ilustração: Penelope Dullaghan


Perto de fazer 3 meses morando sozinha, andei percebendo algumas coisinhas:

1) Diferente de quando tinha vinte anos e tinha meu cantinho, não consigo mais sair de casa e deixar de fazer a cama. Não dá pra chegar morta de cansada e deitar num leito bagunçado. Um sinal de que os trinta fizeram alguma diferença? Talvez.

2) O ânimo pra fazer faxinas praticamente não existe. Já a ansiedade pelo dia que a diarista chega é de um tamanho sem igual. Do nível de largar a pia cheia de louça uns dois dias antes já que ela está chegando.

3) Acumular papéis, badulaques e objetos desnecessários já não tem a mesma importância. Começo a ver coisas "sobrando" pela casa, vou jogando tudo no lixo sem dó nem piedade. Espaço limpo é bom e eu gosto.

4) A animação de ir pra cozinha experimentar novas receitinhas só cresce. Comprar temperos diferentes e procurar na internet o que fazer com eles é pura diversão. Chamar os amigos pra servirem de cobaias, idem.

5) Atender telefone e campainha só quando der vontade. A ansiedade de saber quem me procura é praticamente mínima quando não estou a fim. E se tiver em casa de ressaca então, nem me importo de fingir que estou dormindo ou tomando banho. Abstraio mesmo. Desculpaê.

6) A incapacidade de cuidar de plantas continua a mesma. Esqueço que existem e quando lembro de molhar já estão mortas ou definhando. Até cacto eu já consegui matar de sede. Mas a paixão pelas flores de plástico tem aumentado muito. Meu lado kitch-brega-cafona aflorou nos últimos tempos que foi uma maravilha. E é assim que vou enfeitar as floreiras que ficam penduradas na janela do meu quarto. As flores de plástico não morrem.

7) Pago TV a cabo só pra desencargo de consciência. Usar mesmo, uso muito pouco. A disposição pra ligar a televisão tem sido cada vez menor. Já faço o favor de trabalhar em uma emissora e passo o dia todo com vários aparelhos ligadas no pé do ouvido. Quando ligo o meu, geralmente vou pros canais de música. E nem me irrito quando chove e sai tudo do ar porque deu pau na parabólica.

8) Descobri que forno de microondas é para os fracos. Tenho mania de ligar o forno a gás pra esquentar ou descongelar algo e só depois lembro que poderia ter feito isso de forma mais rápida. Tá, a pessoa é meio passada. E vamos combinar que o sabor muda, né? Microondas hoje serve de grande relógio de cozinha na minha casa. Nem sei direito pra que eu comprei um. Mas deixa ele lá, se não existisse, estaria sentindo falta com certeza.

9) Tomar café da manhã sozinha é mais chato do que fazer as outras refeições. Tenho tentado deixar tudo semi-pronto e arrumado na noite anterior. Até cuscuz eu arrisco providenciar de vez em quando. Se consigo me alimentar direitinho antes de ir trabalhar saio feliz. Quando tenho preguiça e saio de estômago vazio, fico querendo brigar comigo mesma por ter feito tamanha besteira.

10) Pessoas que moram sozinhas não fazem suco no liquidificador (a não ser de polpa); não se importam de andar nuas pela casa; tomam água no gargalo quando querem; têm mais cerveja, chá e suco na geladeira do que comida e; nunca, nunca, nunca mesmo falta gelo nas fôrmas.

E ninguém morre por conta disso. Eu, pelo menos, não. Sou muito feliz assim, viu? Muito mesmo.

Beijinhos aquecidos no microondas, já que é necessário usá-lo pra alguma coisa nesta vida.

terça-feira, outubro 06, 2009

Post-Scriptum para as mocinhas


Amigas,

a Campanha "Outubro Rosa", que busca combater o câncer de mama, chegou com força total. Eu já super aderi. Participe você também. É super simples mostrar seu apoio. "Furtei" umas dicas do blog Objetos de Desejo pra dar uma forcinha e ajudar a inspirar as moças a aderirem comigo:

- Pendure panos, faixas ou um laço cor-de-rosa em sua fachada, sacada, janelas;
- Prepare um jantar para seus amigos e coloque à mesa toalha e guardanapos cor-de-rosa;
- Enfeite seu carro com fitas cor-de-rosa na antena, no retrovisor ou no chaveiro;
- Vista-se de cor-de-rosa, crie um detalhe no seu figurino, um lenço, uma fita ou um cachecol amarrado à bolsa ou à mochila;
- Use e abuse do rosa no seu site, blog, Twitter, Orkut ou Facebook;
- Fale com outras pessoas sobre a importância do autocuidado e da detecção precoce do câncer de mama;
- Se você tem tempo disponível, contribua, seja voluntária da causa ao lado de entidades e grupos de apoio à saúde da mama.

Mais informações sobre a campanha, você encontra aqui.

Beijinhos cor-de-rosa pra você.