quarta-feira, janeiro 27, 2010

O barato que sai caro


Sempre fui rata de promoções. Adoro, não vou mentir. Seja daquelas pra escrever uma frase criativa ou que dão descontos em estabelecimentos. Tô sempre ligada em tudo. Tô-nem-aí. Tem gente que acha cafona e tem até vergonha de imprimir um simples cupom. Eu não. Cheguei até, tempos atrás, a me inscrever num site (acho que hoje já falecido, nem sei) que informava por email as promoções via internet que estivessem rolando, com atualizações. Show de bola.

Pois bem, começou esta semana o Restaurant Week, pequeno festival gastronômico beneficente que inclui um montão de restaurantes bacanas da cidade por precinhos camaradas. Semanas antes eu já tava de olho na lista básica de lugares que entrariam no meu itinerário da gula. O bom nessas promoções é que você aproveita pra conhecer restaurantes que nunca foi. Ou porque não te interessavam ou porque não tinha dinheiro pra dar numa reles refeição. Ou não queria mesmo.

Só que eu sou uma curiosa-viciada-alucinada por conhecer restaurantes, bares, bistrôs, lanchonetes e tudo o que envolver comida que seja novo. Vou sem medo de ser feliz. Já quebrei a cara diversas vezes e também já saí extremamente satisfeita. Sempre disse: "não tenho o menor problema em gastar com comida". Não mesmo. E se for promoção então, aí é que eu me empolgo mesmo.

Claro que a gente sempre tem aqueles "lugarzinhos" (Luís Fernando Verissimo tem um texto ótimo sobre isso, inclusive, no livro "A Mesa Voadora") que a gente gosta, indica e quer voltar. E aqueles lugares que a gente tem reservados para ocasiões especiais.

Esta semana fui estrear minha peregrinação no festival num dos restaurantes mais caros de Brasília. Já havia ido 3 vezes, em momentos obviamente especiais e não me arrependi. Pelo contrário. Insistia em dizer "tudo lá é bom". Só que desde ontem, essa frase sai com ressalvas. Sabe o que é você chegar às 11h30 da manhã na porta do estabelecimento porque neguinho adora pagar de pobre e fazer fila antes do lugar abrir quando rola festival? Tudo porque não faziam reservas! Não dá nem pra escapar do mico sob pena de ficar sem mesa pra sentar. Fui, vi e venci. Com namorado e uma amiga a tiracolo, nos prontificamos a almoçar beeeeem. Sabe... comer bem de verdade? Sair feliz e contente por apreciar a alta gastronomia num dia comum? Pois é, só que foi um fiasco. Comida pouca, muito gordurosa e salgada. O bolo de chocolate da sobremesa se esfarelava feito pão guardado dentro do saco há duas semanas. Triste de dar dó. Pedimos um café pra arrematar porque esse aí "não dava pra errar", né?

Saímos frustrados, com um sentimento profundo de querer dar uma segunda chance pro lugar. Será que merece? Ficaram as dúvidas: pra pagar pouco é necessário baixar a qualidade? Pra comermos bem temos que deixar uma córnea como pagamento, como diria minha amiga Pri? O que é que houve??

À noite, lá fui eu pra outro restaurante-metido-a-besta da cidade, também já testado por mim em ocasiões normais e dei de cara com um maître munido de sua incontestável lista de... reservas. Dancei, não tinha feito uma. Na verdade, me irritei, sabe? Logo me veio o pensamento: pra que correr atrás de promoção se eu posso pagar pra comer bem e sair satisfeita? Como diria outra amiga: TTL (Tudo Tem Limite)!! Segui com o namorado pra um restaurante bacanoso da cidade, a poucos quilômetros dali e me senti a pessoa mais feliz do mundo: atendimento exemplar, refeição maravilhosa, ambiente super agradável e conta razoável. O sorriso e a satisfação eram tantos que deixamos 20% de taxa de serviço, por merecimento.

O festival continua. E eu sou teimosa. Vou continuar tentando. Sou brasileira e não desisto nunca. O legal é que agora o sentido da coisa mudou. Em vez de ir experimentar lugares novos, estou indo desmistificar aqueles lugares tidos como "perfeitos". Bom que o estímulo agora é maior. Alguma coisa a gente tem que tirar disso, né não? Só que já tô me vendo "na torcida" pro lugar ser um fracasso e poder sair falando pra todo mundo a novidade... hehehe.

Beijinhos promocionais em tempos de liquidação.

quarta-feira, janeiro 20, 2010

Uma breve (e merecida) homenagem


Noventa anos. Seria essa a idade que Federico Fellini faria hoje se estivesse vivo. Era uma pré-adolescente quando meu pai me apresentou Amarcord, filme-ícone do cineasta que viria a ser meu preferido para sempre. Valeu, Dédi!

Vi "quase" todos os filmes dele e não me crucifico por isso. Alguns me bastam. Bastam tanto que vejo sempre que posso e falto bater palmas sozinha quando sobem os créditos. O que é bonito merece aplausos. Amarcord é uma ode à infância. Autobiográfico, singelo e lindo. Trilha sonora estonteante de Nino Rota que serviu de toque do meu celular por alguns anos. As expressões de "Tita", garoto-personagem principal, descobrindo o mundo são fantásticas. A mulher da tabacaria e seus seios sufocantes; o mendigo sanfoneiro; Volpina, a ninfomaníaca notívaga e Gradisca, uma delicadeza de mulher. Aliás, batizei de "Gradisca" nossa cachorrinha boxer que fez jus ao nome até o dia de sua morte.

Ensaio de Orquestra é uma obra de arte. La Dolce Vita é luxúria pura. Oito e Meio um delírio e Noites de Cabíria tem beleza e graça. E não pára por aí. Roma, Abismo de um Sonho, A estrada, Julieta dos Espíritos... Ah, a grande Giulietta Masina! Inspirou versos de Caetano e sofreu tanto com a morte do marido, Fellini, que não aguentou e morreu pouco depois... de amor.

Engraçado como ainda não consegui encontrar um cineasta contemporâneo que consiga dizer "adoro" ou "é um dos meus prediletos". Fellini me conquistou, me trouxe outro entendimento de cinema, roteiro e diversão. Alguns anos atrás aproveitei a mostra em homenagem aos 10 anos de sua morte pra ver e rever muitos de seus filmes no cinema. Afinal, na telona tudo fica mais divertido. Chorei, ri e me apaixonei mais ainda por esse que é e vai ser, na minha opinião, o maior criador de histórias de gente simples que sente o mundo como qualquer um de nós sabe sentir.

Viva Fellini!

segunda-feira, janeiro 04, 2010

Um ano de copo sempre cheio!


Fácil mesmo é reclamar. Sempre. Percebi isso no último dia 31 ao acordar e, ainda na cama, fazer um breve balanço do meu ano de 2009. As primeiras impressões foram de um ano pesado, confuso, conturbado. "2009 foi péssimo, tomara que 2010 seja melhor", pensei. Então, num surto de boa vontade e otimismo (afinal, era o último dia do ano, dia de fazer resoluções), decidi olhar o copo meio cheio e abandonar a idéia de vê-lo meio vazio. Por que a gente sempre tem a tendência de lembrar somente dos momentos infelizes?

Exatamente um ano antes, no dia 31 de dezembro de 2008, fui acordada com um telefonema que mudaria minha vida: "Mayra, você passou no concurso do Senado! Saiu o resultado!". Hein??? Tinha ido passar o reveillon em Pirenópolis, cidadezinha histórica no interior do Goiás e estava sem internet e demais conexões com o mundo. Queria mesmo era descansar de um ano dedicado a muito estudo. Pulei da cama feito uma louca com o celular ainda no ouvido, gritando pra todos os lados e acordando todos os amigos que estavam na casa comigo: "Meu povo!!! Acooooorda!!!! Eu passeeeeeeeeeeei! Vamos comemorar". Tive o melhor reveillon da minha vida, com comemoração dupla. Foi assim que 2009 começou pra mim. E eu ainda insistindo em querer que tivesse sido ruim. Pode uma coisa dessas?

Em janeiro aconteceu o curso de formação, terceira fase e última pra ingressar de vez no serviço público. Eu e mais 38 batalhadores desconhecidos nos encontramos em sala de aula e passamos 10 dias em completa imersão. Compartilhando tensões, problemas e conquistas. Resumo da ópera: todos aprovados e uma amizade que hoje vale por uma vida.

Depois me vi solteira de novo e conhecendo gente nova pra esquecer dos males do mundo. Fiz do meu pai parceiro de baladas e nossas andanças me trouxeram uma nova amiga, colega de trabalho dele. Gente do bem que adorei fazer parte da minha vida.

Em junho vi minha avó querida fazer 80 anos em plena lucidez. Aliás, tenho achado que anda mais lúcida do que nunca. Tão ligada no mundo e em todos que às vezes até assusta. Felicidade muita depois de vê-la atravessar tantos momentos difíceis.

Em julho decidi sair novamente de casa, agora em outras circustâncias e montar meu cafofo. Lindo como deve ser. Fui pra um condomínio fofíssimo e lá fiz mais cinco novos amigos, vizinhos e agregados, pessoas bacanas com quem se pode contar pra pedir aquela famigerada xícara de açúcar. E outras coisas também.

No mês de agosto reencontrei duas amigas de infância que há muito não falava. Colocamos o papo em dia, relembramos histórias antigas e restabelecemos o contato. Nada melhor que preservar as amizades, ainda mais num ano cheio de acontecimentos.

Em outubro meu coração voltou a bater forte e ganhei um novo amor. Pessoa com quem tenho tido o enorme prazer de redescobrir o mundo.

E após muitos anos (arriscaria uns 8 ou 9), passei um natal em família no Piauí. Perto de mãe, pai, avó, irmã, tios, primos e todo mundo que sempre participou da minha vida desde que nasci. Foi um fim de ano feliz.

Fazendo as contas na ponta do lápis, foram 45 novos amigos, um excelente emprego, uma casa nova, um novo amor e, principalmente, a vontade de fazer de 2010 um ano tão bom... quanto foi 2009!!!! Tava reclamando de quê, hein? Diz aí!! 2009 foi show!!!

Que 2010 não seja 10, mas seja 100. Traga boas energias, muita paz no coração e coragem pra seguir (sempre) em frente. Ah, e vontade pra escrever muitos posts também! Aguardem que eu estou com a macaca!!!!

Beijinhos de ano novo de novo pra todos.