segunda-feira, fevereiro 01, 2010

Mas eu só quero é ser feliz


Eu bem que tentei fazer "malhação inteligente". Deu muito certo não. Te conto.

Já tem um tempinho que voltei a malhar. Assim... regularmente, tem pouco tempo, confesso. Antes eu pagava mais que frequentava, mas resolvir acabar com isso e levar à sério o tratamento da coluna e valorizar meu suado dinheirinho. Malho numa academia banbanban de Brasília, daquelas metidas a besta e cheia de pessoas lindas-gostosas-e-saradas. Um colírio pros olhos. E pára por aí. Morro de preguiça desse tipo de ambiente. Prontofalei.

Pois bem, lá ia eu pra ginástica munida do meu inseparável livro, pagando de intelectual. Tá, completamente wannabe, concordo. Enquanto enfrentava meus 40 minutos na bicicleta, lia tranquilamente sem perceber que o tempo passava. Funcionava bem. Só que quando chegava na hora dos exercícios de musculação, o livro virava um trambolho que eu não sabia onde colocar. Só restava o chão. E vamos combinar que quem tem amor aos livros, não acha a melhor coisa do mundo colocá-los num piso todo sujo de suor, néam? A tal "malhação inteligente" só funcionava enquanto estava na ergometria. Depois virava "malhação inconveniente". Chato isso. Sem contar que o humor mudava drasticamente e a vontade de sair correndo de lá só crescia. Só que eu não podia. Ou melhor, não devia.

Tive que mudar de estratégia. Resolvi turbinar meu iPod pra ver se substituía a leitura e me distraía durante as pedaladas. Deu certo. Demorou pra encontrar a trilha sonora perfeita. No início resolvi remar contra a maré e ouvir músicas calmas, interiorizar a proposta de esse-é-um-momento-muito-meu. Só uma louca mesmo pra querer meditar enquanto queima calorias com dezenas de pessoas ligadas nos 220W ao redor, concordam? Foi aí que resolvi mudar meu set list e minha vida também mudou.

Analisando os quase 40G de música que possuo no computador, fui jogando no mp3 player tudo que eu achava que podia ser animado. Até a pasta de "funks cariocas", me passada tempos atrás por um colega do trabalho que tinha acabado de chegar do Rio com as novidades do gênero, foi parar lá dentro. Eu nem imaginava que encontraria ali a libertação.

Sentada na bicicleta, pus as músicas no "shuffle" e fui pedalar feliz. Róquênrôu, MPB e música pop se alternavam em meus ouvidos. Até que de repente, não mais que de repente, começou um funkão daqueles "de com força", sabe? Daqueles cheios de palavras de baixo calão que vc chega a olhar pros lados pra ver se tem mais alguém ouvindo. Constatei que era exclusividade minha e aumentei o volume pra escutar direito:

"Não gosto de peru pequenoooooooooo. Eu gosto é de xereca grandeeeeeeeeeeee! Tum, tuntuntuntum! Olha o batidããããão". Rapaz!!! Isso caiu como uma luva!!! Ativou a endorfina que foi uma beleza!!! Destrambelhei a pedalar feito louca, animadésima... e ouvindo baixaria!!! Porque... como diz uma amiga minha, "eu sou uma lady, porra!".

Tive um breve momento, confesso de novo, de que-que-isso-que-cê-tá-ouvindo-Mayra? Mas passou logo. Mentalizei o mantra "Tá no inferno, abraça o capeta" e segui firme subindo minha ladeira de bike. Malhação braba, brother.

"Caolha, nariz de tomada, sem bunda, perneta, corpo de minhoca, banguela, orelhuda, tem unha encravada, com peito caído e um caroço nas costas. Ih! Eu sou a dona Gigi...".

Hahahahaha (sim, comecei a rir muito sozinha, pagando o mico básico de quem tá com fone de ouvido e esquece que o mundo a sua volta não está compartilhando aquilo). Bom demais isso!!! A gostosona, futura candidata a BBB que corria na esteira ao meu lado, me olhou com cara de desdém. Beijomeliga, minha filha. Aposto que você tá ouvindo aquela chata da Rihanna. Não conhece ainda os reais prazeres da vida, tadinha...

No medo de perder o controle das coisas quando partisse pra musculação, mantive a seleção: "Seu pittbull é Lassie, tu é rosa ou margarida? Tu tem marra de Sansão, mas tu é Dalila. Tu é Dalilaaaa. Tu é Dalilaaaaaaa"! E eu lá, trabalhando os glúteos na tal cadeira abdutora. A cada "Dalilaaaaa" o momento sincronizava com a hora de fazer força e soltar o ar. Sen-sa-cio-nal. Como não descobri isso antes??

Eis que chega o momento fatídico: a abdominal. Vou contar só pra você que eu detesto abdominais mas vou ter que admitir que fazer esse exercício ouvindo "Sou eu Bola de Fogo, E o calor tá de matar, Vai ser na praia da Barra, Que uma moda eu vou lançar. Vai me enterrar na areia? Não, não vou atolar" são outros quinhentos. No refrão ("tô ficando atoladiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiinha") eu me concentrava toda pra fazer os movimentos. As abdominais nunca mais serão as mesmas depois do MC Marcinho.

Pra fechar, no alongamento, adotei a paródia de "Tédio", do Biquíni Cavadão, carinhosamente chamada de "Adultério", do Mr. Catra. Vamos lá, acompanhe o refrão cantando no ritmo que você conhece e aproveite pra entrar pra minha turma:

"Na 4x4 o tempo voa
Whisky e Red Bull
Quanta mulé boa
O pau tá ficando duro
O bagulho tá sério,
Vai rolar o adultério"

Exatos 15 segundos!!!! O suficiente pra ficar em cada posição e alongar tuuuuuudo!!!! Diz aí se não é a fórmula mágica pra fazer qualquer wannabe gostar de academias? Tá, eu sei que não é nenhuma poesia, mas resolve direitinho a questão a que se propõe. A coisa tá dando tão certo que eu agora vivo procurando novos funks pra baixar e garantir presença na academia. Saio de lá me sentindo a própria popozuda. Afinal, a proposta não é exatamente essa??? Se liga no batidão, mané!!!

Beijinho com a mão no joelho e dando uma abaixadinha na aula de agachamento.