Eu tenho um mundo, um mundo só meu. Um mundo moderno, bonito e cheio de pessoas bacanas. Um mundo com nome e localização: a Mayralândia, no País das Ideias. Fica aqui, bem pertinho de mim.
Ora, se o Calvin pode ter um amigo só dele e a Alice um país maravilhoso só pra ela, por que eu não posso ter um mundo mais fantástico que o do Bobby? E o meu é fantástico e meio. Muito, mas muito mais legal mesmo.
Na Mayralândia não há tempo ruim. O nascer e o pôr-do-sol são os mais sensacionais de todos. Até que o de Brasília, garanto. Lá, não batemos palmas quando o Sol vai embora, isso é coisa do Arpoador. Lá a gente grita "Uhuuu!!! Sol, seu lindo!!". E o Sol sorri e se despede com um tchauzinho. Juro pra vocês.
No meu mundo as pessoas não se magooam, não se ferem, não são cruéis. As pessoas celebram a vida e o amor. Brindam pelas conquistas de cada dia, pelas boas lembranças e histórias que vivem pra contar depois. Na Mayralândia não há rancor, não há ódio nem incompreensão. Há o desejo de ser feliz. Pura e simplesmente.
Nesse mundo que eu criei só pra mim, tem praias, montanhas, cachoeiras, desertos e jardins. E flores nascem todos os dias pra enfeitar a vida de quem se quer bem. As orquídeas enfeitam o dia e as rosas perfumam a noite. Há varandas para serestas e serenatas. Há histórias de amor. Há crianças, adultos e velhos convivendo em harmonia. Há prazer.
Na Mayralândia todos nascem bonitos, simpáticos e já sabendo ler. Os moradores se presenteiam com trechos de bons livros e também oferecem uns aos outros o cantarolar de músicas, que fazem soar aos ouvidos de quem mora lá, as melodias do amor-demais, aquele do Poetinha.
No meu mundo acontecem as melhores baladas e festas que já se ouviu falar. Há sorrisos, registros mágicos e muita, muita cumplicidade no ar. Há sexo, desejo e vontade. Há amor, carinho e afeto. Há casas feitas de doces sem bruxas morando dentro. E sim, existem bruxas, porque sabemos que las hay. Mas são bruxas munidas de vassouras que limpam a sujeira de quem faz mal para o mundo e voam pra bem longe com ela.
Na Mayralândia os acepipes são todos gostosos e suculentos. Há cheiro de gostosuras pelo ar e há travessuras por suas ruas. Lá todos os dias são feriados e também a véspera deles. Não há relógio, não há portas, não há pressa... a não ser a de ser feliz sempre.
No meu mundo eu me fecho quando quero ficar bem e também quando quero me preservar dos males deste nosso mundo real. Lá, sinto o abraço quente de quem gosta de mim, de quem me ama e me quer muito bem. Na Mayralândia não há vazio. Todos os espaços são preenchidos com euforia e vontade de viver. Viajar pra lá é fácil, basta fechar os olhos e sentir. Rapidinho você desembarca e percebe como o Maestro estava errado: é possível sim ser feliz sozinho.
Beijinhos do lado de lá.