sexta-feira, dezembro 11, 2009

Programa Kamikaze


Todo ano é a mesma coisa. O natal vem chegando, a gente vai protelando e quando vê, tá em cima da hora e não resolveu nada. O que nos resta é fazer "programa kamikaze" e encarar shopping às vésperas do aniversário de Jesus. Sou radicalmente contra esse tipo de atividade. Tento me antecipar, mas sempre aparece aquele presente de última hora que a gente TEM que comprar. O mesmo que se jogar na cova dos leões.

Ontem foi meu último dia de compras em shopping e, admito, já estava absolutamente lotado. E a tendência é só piorar. A pessoa aqui estava no trabalho, cujo ar-condicionado fica no máximo, bombando de frio. Trabalho numa TV, lembram? Saio de casa toda empacotada, independente da previsão do tempo dizer que o sol estará escaldante. Tem chovido bastante por aqui, mas ontem, especialmente, resolveu fazer um calor-dos-infernos justamente quando eu saí do batente e me dirigi ao front, julgo Conjunto Nacional.

Etapa 1 - Estacionar

Resolvi bancar a esperta e entrar por uma entrada alternativa da garagem coberta. Não tinha fila nem placa de "lotado". Uhuuu!!! "Se dei bem", pensei. Niquí adentrei o recinto, carros, carros e mais carros estavam caoticamente tentando se organizar, sem respeitar a mão das vias do estacionamento. O calor matando, eu derretendo, porque meu carro, o Negão, além de todo preto por fora e por dentro, não tem ar. E eu ainda estava vestida de preto da cabeça aos pés, com direito a segunda pele térmica que comprei quando fui pra Europa. Tá, pode me chamar de doida que eu atendo. Depois de algumas voltas em círculo, encontrei enfim uma vaga.

Etapa 2 - Entrar no Shopping

Já que eu tava toda derretida mesmo, fui de escada. Um suor a mais, um a menos, não faria diferença. Pra minha sorte, o primeiro lance de escada dava de cara com a agência da Caixa Econômica Federal. Não, eu não sou correntista da CEF. Nem precisava fazer pagamento, mas entrei correndo no banco por um motivo nobre: tava geladinho, bem fresquinho e bom. Peguei uma senha e fiquei sentadinha, disfarçando, até o suor secar. Levantei como quem não quer nada, joguei a senha no lixo perto da minha vez e saí pra minha empreitada do dia.

Etapa 3 - As compras

Mulher organizada que sou, fiz listinha dos presentes e dos presenteados, com as devidas lojas onde precisaria ir. Segui meu roteiro direitinho e em menos de duas horas, tinha resolvido tudo. Ufa! Então me dei conta que o relógio batia perto das 5 da tarde e eu tinha esquecido de almoçar. Ahã. O estômago avisou.

Entrei no primeiro Burger King que apareceu na minha frente, pedi um Combo-cheio-de-coisas, acomodei minhas dezenas de sacolas e me fartei. No meio da refeição, lembrei também que tava usando uma tal segunda pele que tava me matando de calor e resolvi tirá-la ali mesmo, numa ginástica que só as mulheres conhecem, pra tirar uma blusa que está por baixo do que você está usando. Todo mundo me olhou, mas um adolescente passando gloss e rímel na mesa do lado chamou mais atenção. Eu disse um adolescente, entendeu o motivo?

Etapa 4 - Hora de ir pra casa

Eu e vinte mil sacolas descendo as escadas. Coloco todas no chão pra pagar o tíquete do estacionamento. Cadê a porra do tíquete? Pego a bolsa, tiro tudo de dentro (e uma fila enoooorme de impacientes atrás de mim esperando pra ir embora, pensem na aflição) e encontro o papelzinho. Pago, pego as sacolas e saio em busca do meu carro. Sim, perdi meu carro porque nunca lembro de decorar as tais referências de letras e números do estacionamento. Quando enfim o encontro, cadê a porra das chaves? Pois é, esqueci no guichê de pagamento.

Lá vou eu de novo, com minhas vinte mil sacolas, atrás da chave do carro. Chego lá equilibrando tudo nas duas únicas mãos que possuo, pego as chaves com a atendente e volto pra encontrar o Negão. Fi-nal-men-te consigo dar partida no carro pra ir embora. Niquí me aproximo da catraca, cadê o tíquete? Isso mesmo. Tinha caído no chão do estacionamento. Pode me chamar de lerda que eu atendo também. Lá vou eu de novo, voltar, procurar, xingar meia geração e bater minha cabeça no asfalto alguma vezes por ser tão lesada. Encontrei o papel com marcas de pneu, tive que voltar mais uma vez na atendente porque o prazo pra sair com ele tinha vencido, pus no bolso e consegui, de uma vez por todas, ir embora daquele lugar. Pra sempre. E sobrevivi.

Resumo da ópera: minha resolução número 1 de ano novo pra 2010 vai ser comprar TODOS os presentes do próximo natal pela internet. E não me venha com o papo de "eu sempre faço isso". Posso ser um pouquinho retardada? Tenho direito.

Beijinhos suicidas pra vocês.