sexta-feira, novembro 29, 2013

Sem lenço nem documento



Outro dia, depois de uns vinhos e da notícia de promoção de passagens aéreas internacionais, sentei com um amigo em frente ao computador e desandamos a testar destinos, assim... ao léu. Enquanto o preço estava acima do que considerávamos justo, tentávamos outro país, até pararmos no México. Vamos pra lá ver a festa dos mortos? Só se for agora! E assim, compramos. Na empolgação, mais gente animou e resolveu nos acompanhar. E viva as promoções da TAM!

Minha fama de instável é tanta que tenho um amigo que sempre me disse: "só vou acreditar que você vai pro México quando comprar as passagens, porque sempre planeja e nunca efetiva". Tudo bem que essa foi a TERCEIRA vez que eu planejei ir pra lá nessa época, já tinha cancelado anteriormente depois de passar o ano inteiro falando no assunto. Pois pronto. Passagens compradas e hotel reservado. Vai duvidar agora?

Faltando duas semanas pra viagem, descubro que vai rolar um curso de pós-graduação que muito me interessa e me animei toda. Descubro então que a prova de seleção seria bem no meio da viagem. Oh dúvida cruel!!! Que nada, não demorei nem meia hora pra decidir cancelar a viagem toda pra tentar uma vaga. Pois é, sou desse modelo: instável emocionalmente. Ou louca. Você decide aí.

Conversei com os companheiros de viagem, que foram compreensivos, e mais uma vez, mesmo de passagem comprada, eu desisti. Se um terremoto não tirar ele do lugar, o México continuará lá. Minha credibilidade foi pro espaço depois dessa, eu sei. Mas enfim, que se há de fazer? Mesmo correndo o risco de não passar na prova, eu arrisquei. Pois bem, eu fiz e passei. Ufa!

Aí veio a parte mais divertida: recolher os documentos pra fazer a matrícula. Aviso logo: eu sou uma desorganizada funcional. Explico. Tenho tudo guardado mas não sei onde as coisas estão quando mais preciso delas. Pior: guardo tudo espalhado, mas muito bem guardado. Devo ser doida, mas sei que não sou a única.

Primeiro me dou conta de que não tenho mais cópia do meu histórico escolar. Ligo pra UnB pra pedir uma segunda via e pedem minha matrícula. Porra! Saí de lá tem 8 anos!!! Eu lá me lembro desse número??? Vai com meu nome completo aí e se vira. Pronto. Histórico na mão, fui pra casa feliz.

E o diploma, onde eu guardei? Cara, a última vez que mexi nesse papel foi pra tomar posse no Senado, isso já vai fazer 5 anos e eu fiz duas mudanças no meio disso. Quem disse que eu sei onde é que ele está? Tinha que estar na pasta de sempre, mas É LÓGICO que não estava lá. Pedir segunda via ia demorar muito, o jeito foi desbravar a casa. Já quase sentando pra chorar, finalmente encontrei o dito cujo dentro de uma sacola da Renner, no meio de outros papéis, guardado no meu armário de roupas. Não me perguntem como foi parar lá, ou melhor, perguntem pra minha diarista, que adora brincar de Saci e esconder minhas coisas. Dessa vez a culpa não foi minha, juro!

Ok. Histórico e diploma em mãos, o resto tá fácil. Lá vou eu sentar pra reunir tudo num envelope pra fazer a matrícula e vem a terceira etapa dessa jornada: que fim levou minha certidão de nascimento?? Ai cacete!! A coitada tava se desmontando inteira da última vez que mexi (tô velha, gente, o papel tem 37 anos bem vividos) e lembro de ter dobrado pra não rasgar e guardar bem guardadinha. Mas onde??? Não achei. Não mesmo. Pois é, perdi. Liguei pro RH do Senado e pedi uma segunda via da cópia que tinham lá. Já me convenci de que terei que ir em breve ao cartório pedir outra nova. Ou casar pra arrumar uma substituta.

E quando eu acho que acabou meu desespero e que posso, finalmente me matricular, dou falta do título de eleitor. Podem me bater. Durante as férias (que eu tirei pra ir pro México mas não viajei), fiz o recadastramento biométrico e... sei lá, onde pus o novo, minha gente!!! Que coisa mais difícil ter que pensar nisso tudo... Em completo desespero, pus minha diarista maluca junto comigo a procurar. Saí pra trabalhar já pensando em pedir pro RH de novo, quando ela me liga dizendo que encontrou socada dentro de uma bolsa. Santo Saci!

E hoje eu saí pela estrada fora bem contente pra me matricular, aos 45 do segundo tempo. Com aquela sensação que a gente tem sempre que viaja: será que esqueci alguma coisa? Felizmente, tava tudo em ordem. Depois dessa eu resolvi que vou fazer uma faxina na minha papelada e tentarei ser uma pessoa que se organiza com pastas, prometo. Até a minha próxima viagem pro México, eu juro que faço isso. Hihihihihi.  Ou não. Quem se importa? Afinal, a vida é muito mais interessante quando se vive perigosamente, não é mesmo? Quero ver onde vou colocar o certificado dessa pós quando terminá-la. E não, não precisa me dar sugestões. Eu já sei que vou perder essa também. Ou essa não seria eu.

Beijinhos de quem se arrisca e se diverte no final.

quinta-feira, maio 02, 2013

Ai, ai, Banksy! Assim você me mata!




Aí a pessoa deixa o celular cair no táxi na hora de pagar a passagem. Ok.

Aí a pessoa se dá conta, liga pra empresa de táxi e dizem que não, que você tá doida e que nada foi esquecido lá. Você se contenta, triste.

Mas aí a pessoa TEM CERTEZA que não tá doida, liga vinte vezes pro próprio celular, que só chama e não atende, e resolve dormir com o aparelho fixo do lado da cama. Afinal, quem rouba desliga logo, né?

De manhã, tipo umas cinco horas depois, uma manicure te liga (e você assim... ainda meio bêbada, bora combinar) dizendo que você esqueceu o celular no táxi do irmão dela. Pega o número do seu primo de contato e tudo fica lindo, dizendo que te liga quando sair de Valparaízo. Hein ? Tá, né?

Aí você relaxa, fazer o que?

Então você, dona do celular, fica tranquila - afinal, acharam ele -, pega a prima no aeroporto e vai encher a cara no boteco. NUNCA RECEBE um feedback da porra do celular da manicure. Já acha que é pessoal. Não acha. Tem certeza.

Aí liga pra central de táxi pra localizar quem-quer-que-seja e dizem "ele disse que nada foi encontrado no veículo". Hein? Não foi nenhum parente???

Aí você surta, afinal, já bebeu. E perdeu a merda do celular.

Agora não tem nada pra dizer.

(Uns três shots de qualquer bebida são virados por conta da otarice da qual você se sentiu passar)

(...)

Você faria o que? Bloquearia o telefone? Pois é. Feito isso...

O taxista, que antes falou que não conhecia ninguém que tivesse encontrado o celular no carro dele, muda de ideia:

- Minha irmã achou, tá na casa dela, no endereço tal.

Aí a pessoa larga o bar e se taca pro tal endereço. Encontra uma porta toda fofa com Calvin e Haroldo de decoração. Bate uma, bate duas, bate três. Um garoto abre e diz que ninguém com aquele nome mora lá. Meus olhos, já prontos pra chorar, são acalentados por uma vizinha que abre a porta e diz: "Mayra"?

Sério. Quase morri. E aí, sem muita conversa,ela  me entrega meu celular.

Voltei pro boteco. Semi-morta. Calada. Quieta. Tranquila. Celular agora tá bloqueado e a pessoa (no caso, eu) precisa se dirigir a uma loja física pra resolver o problema.

Fiz a coisa certa? Ou não? Não sei, só sei que foi assim.

quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Uma Grande Maçã gelada



Depois de dias de ansiedade, cheguei de férias em Nova Iorque super gripada. Depois de enfrentar nove horas de voo sem um único remédio pra tomar, fui esperar meu amigo-anfitrião numa simpática praça de Chinatown sob chuva e muito frio. Ainda assim, achei tudo lindo.

- Mayra, seja bem-vinda! Que pena que você está gripada, achei que iríamos tomar uma cerveja hoje.
- Ué, quem disse que não vamos? Estou em Nova Iorque!!!

E assim foi. Carinho do amigo de muitos anos, encontro com a pequena irmã, passeios, risadas, comprinhas e muito, muito frio.

Eu nunca tinha visto neve e confesso que estava bem preocupada com as temperaturas abaixo de zero que me aguardavam. Checava a previsão todos os dias. Mesmo os sete graus negativos não me assustaram nem me impediram de sair de casa. Dizem que a vitamina C americana é excelente. Usei e abusei. Afinal, eu estava de férias nos Estados Unidos, néam?

Consegui fazer amizade em bares a cada saída. Treinei o inglês, conheci cervejas e pessoas novas. Deixei até escapar, certa noite, que nunca tinha visto a tal chuva congelada e seus flocos brancos. Na mesma noite, por obra do destino, começou a nevar de uma forma poética. Alvo e lento. Então as pessoas da casa de jazz onde eu me encontrava se mobilizaram para mostrar pra gringa (no caso, eu) como era a neve. Me levaram lá pra fora, tiraram fotos da minha cara de boba, me abraçaram e brindamos à minha mais nova experiência. Pronto, perdi ali a virgindade "nevística".

Depois disso a neve se tornou uma constante. Eu já estava íntima. De repente, fico sabendo que está vindo uma tempestade com direito a nevasca. Vejo notícias na imprensa brasileira fazendo alarde, avisando que os moradores deveriam fazer reserva de suprimentos, se proteger e evitar sair de casa. Oi?? Pois no dia da tal nevasca eu estava perambulando pelas ruas, visitando museus, indo a restaurantes e passeando debaixo da tempestade de neve. Ríamos encantadas. Tive o prazer de pisar naqueles flocos macios espalhados no chão, caminhar sobre o chão branco aprendendo a não escorregar naquele gelo todo. Verdadeiras aulas de malabarismo e jogo de cintura.

Nevou muito. O frio não deu trégua. E eu parecia uma menininha. Minha infância no calor de Teresina não previa estar num lugar tão gelado e me divertindo tanto. A neve é linda enquanto cai, mas depois que cai, vira um suplício. As ruas ficam cheias de gelo, há o medo de escorregar na rua, o frio que piora e a umidade do ar que despenca e faz os lábios racharem. Mesmo assim eu achei tudo divino e maravilhoso.

Sim, eu vi poesia na neve, mas voltei com uma certeza: sonho realizado but it was enough! Não quero saber de neve tão cedo na minha vida. A viagem foi mágica e eu me diverti muito, mas chegar no Brasil no meio do carnaval e fazendo dias lindos de sol e temperaturas altas não teve preço. Nessas horas é que a gente se dá conta de que um país tropical tem seus encantos e vantagens. E eu adoro isso.

Mas decidi também que quero voltar a Nova Iorque muitas e muitas vezes. Mas sem neve, por favor! Como diz meu pai: tudo que é demais, cansa! Mesmo que seja mágico e bonito.

Beijinhos aquecidos pelo calor humano recebido na minha volta pra casa e com muuuuuitas histórias pra contar.