segunda-feira, junho 20, 2011

Eu, o Milk Shake e nós todos


Aí que eu trabalhava na Rede Transporte, TV da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) e fazia boletins diários com notícias relativas ao tema. Passava o dia todo recolhendo notas e reescrevendo pra gravar em off (sim, já fui locutora). Nessa brincadeira, eu lia de tudo um pouco na Internet e nem existiam redes sociais ou blogs pra gente compartilhar as coisas legais. Foi aí que eu criei o Clipping da Maklovia. Explico.

Cada vez que eu encontrava uma notícia interessante, sobre qualquer assunto (na maior parte das vezes, do mundo bizarro), eu copiava e colava num arquivo de Word. Aí no fim do dia eu enviava esse arquivo por email pros amigos, que liam ou não (esse problema já não era meu). Um processo bem primitivo que funcionava bem (o que hoje a gente faz fácil-fácil num Facebook da vida). Até que um dia, um desses amigos me disse: "Mayra, faz um blog". Faz o que, meu amigo???

Eu, que não fazia a mínima idéia do que se tratava, do que seria esse tal de blog, tive uma resistência real e imediata à nova tecnologia. Na minha cabeça aquilo ia dar muito mais trabalho do que o meu Ctrl V + Ctrl C habitual pra fazer o Clipping. Mas como o que é bom a gente aprende rápido, logo estava eu postando as notícias e divulgando somente o link: sucesso total. Me senti "a blogueira". Foi aí que eu pensei: "Pôxa, eu podia criar um negócio desses pra compartilhar textos meus!". E aí nascia o Milk Shake, no final de 2001.

No segundo semestre deste ano, este blog (não necessariamente neste endereço) completa 10 anos de atividade. Sim, eu disse dez. Nem eu acredito que já se passou tanto tempo assim. No início eu me empolguei geral e escrevia todos-os-dias. Eu não tinha a real noção do alcance desse troço e falava da minha vida como se tivesse no telefone fofocando com as amigas. Exposição geral e irrestrita. Contava minhas peripécias de garota solteira, minhas trapalhadas de pessoa espevitada e comentava notícias com tons indignados, abraçando causas ou condenando certos preconceitos. Tudo com riqueza de detalhes. E os leitores adoravam. Aliás, quanto mais sórdidas, engraçadas ou pitorescas as histórias, mais visitantes eu tinha. O ser humano tem uma curiosidade patológica de saber da vida das pessoas.

O blog começou a dar o que falar na rede e eu achei que ele tinha que ficar mais bonitinho, com um layout próprio, mas eu não sabia fazer isso sozinha e não conhecia ninguém que pudesse me ajudar. Então arregacei as mangas, descobri um curso online de linguagem HTML e formatei ele inteirinho, fazendo tudo pelo código-fonte. Totalmente na raça e autodidata. E ele ficou bacana, digo pra vocês. Comecei a me comunicar com outros blogueiros, trocava dicas de templates (layouts pra web) e ferramentas para incrementar a página. Assim, fiz alguns bons amigos com quem mantenho relações até hoje (diga-se de passagem, até madrinha de casamento eu fui da minha querida Dona Baratinha). Eu entrei de cabeça nesse mundo, participando de encontro de blogueiros, mesas redondas e tudo mais. E sim, eu tinha (muito) mais o que fazer. Trabalhava, estudava, namorava e tinha vida social dentro e fora da Internet. Nem sei como.

Meu blog bombou. Teve uma repercussão que eu nunca esperei. Encabeçou a lista dos 10 melhores blogs da Globo.com por alguns meses, teve várias citações em jornais, foi selecionado pelo site GNT para ser indicado no site do canal por um mês inteiro. E eu confesso, não sei de onde tirava tanta história pra contar. Hoje eu fico "mais de mês" sem postar aqui e quando sento pra fazer isso, geralmente não tenho muito a dizer. Haja imaginação e disposição. Será que fiquei velha pra isso?

E nesses dez anos foram muitos textos publicados, muita saia justa, muitas declarações e elogios, muita rasgação de seda e compartilhamento de micos que paguei. O mais legal é ver até hoje alguns leitores fiéis, que me seguem pra onde eu vou (este já é o terceiro endereço onde hospedo o Milk Shake).

Eu podia esperar até o fim do ano pra comemorar esses 10 anos de blog, mas preferi fazer isso agora. Estou aqui pra agradecer, pra dizer aos que param uns minutos pra ler o que escrevo que o meu ânimo de manter esta página vem do retorno que tenho de vocês. Obrigada por cada comentário, cada email que vocês me enviam e enviaram ao longo desse tempo todo. Às sugestões, críticas e afagos. Aos discursos inflamados, dicas e reclamações. O Milk Shake só durou até hoje porque eu recebo o carinho de quem gosta das minhas (às vezes, maltratadas) linhas. E não, isso não é uma despedida, embora o tom pareça. É apenas uma celebração de algo que ainda pode (e deve) durar mais uns anos. Valeu por dividirem esse milk shake comigo. Tim-tim!

Beijinhos apagando velinhas antecipadas de parabéns.