
Eu tenho inveja de Brasília.
Porque ela cinquentona é cheia de curvas e retas que eu aos 34 anos não tenho.
Porque é moderna, arrojada e espaçosa. Se eu me atrever a ser tudo isso junto vou ser chamada de piriguete. Ela não.
Porque sua lógica urbanística é feita de letras e números e eu adoro não ter que decorar nomes de ruas e avenidas. Planos cartesianos fazem mais sentido na vida das pessoas.
Porque não tem esquina. Tem cantos e isso é suficiente. E não tem travessas nem cruzamentos.
Porque acolhe sem preconceito nativos de todos os estados do país. E faz dos nascidos nela, pessoas que se interessam em conhecer o resto do Brasil.
Porque daqui, todos os caminhos levam para Unaí. Eu não sei o que tem lá, mas sei que é fácil de chegar.
Porque tem personalidade a ponto de quem a visita pela primeira vez amá-la ou odiá-la. Odiou? Volta pra casa, simples assim.
Porque aqui não se buzina. Odeio cinquentonas histéricas.
Porque é poderosa. E sim, pode tudo.
Porque é um avião. Precisa dizer mais? Fiu-fiu!
Porque tem vias largas, eixos que se cruzam e monumentos magníficos que deixam quem a vê pela primeira vez boquiabertos.
Porque tem um pôr-do-sol ci-ne-ma-to-grá-fi-co. E não adianta dizer que o da sua terra é mais bonito. Não é.
Porque tem um clima muito doido. No entanto, nos manda pra cachoeiras nos arredores na seca e nos faz reunir os amigos na época de chuvas.
Porque tem o maior mastro em aço de bandeira do mundo. E a menor sala de cinema do mundo também.
Porque tem o Beirute, o Xique-Xique, o Careca e a Pizzaria Dom Bosco. Atóóóro ir pra lá quando na dúvida do que comer e do que beber.
Porque tem um foguete no Parque Ana Lídia que todo mundo brincou quando criança.
Porque tem a presença do JK pra todo lado. E eu gosto do JK.
Porque aqui é a cidade do rock, a cidade do chorinho e a cidade da esperança.
Porque aqui se pára na faixa de pedestres, inclusive pros Dragões da Independência atravessarem.
Porque ver batedores na rua (des)organizando o trânsito é lugar-comum. E encontrar o Presidente da República em eventos também.
Porque é ótimo dizer "tô na ponte" quando ainda nem saiu de casa. E porque tem uma ponte linda que imita o movimento da pedrinha quando jogada na água.
Porque eu me emociono até hoje quando desço a Esplanada no fim da tarde, com a luz linda depois de uma chuva e vejo que a maquete criou status de cidade grande.
Porque foi a cidade que meus pais escolheram e acolheram como deles. Porque eu nasci aqui, fui criada aqui e não faz parte dos meus planos ir embora tão cedo.
Pensando bem, acho que não é inveja não... é admiração. Muuuuita admiração.
Beijinhos de "é pique, é hora, rá-tim-bum" pra essa cidade linda!