terça-feira, setembro 02, 2008

Tocada pela primeira vez


Tudo começou quando o primeiro videocassete lá de casa chegou de Manaus, encomendado por papai. Daqueles que o compartimento da fita abria por cima, parecendo o pescoço do E.T. quando se esticava. Aliás, por falar nisso, lembro bem que esse foi o primeiro filme alugado na locadora. Cinema em casa e com filme personalizado. Sucesso total.

Papai logo entrou na onda de gravar programas, filmes e tudo mais que pudesse ser legal de se ter em casa. Era todo organizadinho. Fez até uma fichinha amarela, batida à máquina Olivetti, com o passo-a-passo de como fazer o aparelho funcionar. Tudo pra que eu pudesse interagir com a nova tecnologia.

As fitas VHS eram todas etiquetadas: Filmes, Jornalismo, Clipes e Fita de Serviço (que servia pra todo o resto que poderia ser desgravado depois). À época eu dançava jazz, a dança do momento. Década de 80, né galera!!! E adorava pegar minha fichinha amarela, seguir as instruções e colocar a fita de clipes pra assistir e dançar na frente da TV. Eu ficava imitando os passos de dança dos artistas pra me apresentar pros meus pais mais tarde, quando chegavam mooortos de cansados do trabalho. Assistiam às minhas apresentações bocejando, mas assistiam. Até o dia em que papai gravou um certo show da Madonna... Like a Virgin.
Eu tinha uns 8 pra 9 anos e me encontrei. Foi "paixão a primeira ouvida". Juro. Simplesmente, eu aprendi a fazer to-da-a-co-reo-gra-fia dela no tal show. Depois de semanas de muito ensaio e apresentações pra mamãe, consegui convencê-la a me levar ao Programa do Cacareco, um palhaço (palhaço mesmo, tá gente?) que apresentava um programa infantil local aqui de Brasília. Sim, eu queria me apresentar lá, numa espécie de "show de calouros" que rolava e distribuía brindes pras crianças corajosas como eu. E eu fui.

É verdade. Descobrimos que o programa estava sendo gravado ao vivo do Park Shopping, numa dessas promoções que fazem pra atrair público pras compras. Mamãe me levou e eu consegui pagar o maior (e melhor) mico da minha vida: não só me apresentei dançando Like a Virgin (que levei numa fita cassete, gravada do meu vinil por papai), moleca de tudo, vestida a caráter (figurino by mamis) e cantando em playback, aparecendo na televisão, como também fui atração pros passantes do shopping que paravam pra olhar as crianças alucinadas que por lá se aventuravam. Tipo assim... eu. Ganhei um bonequinho de plástico horroroso que apitava quando tinha a barriga pressionada. E daí? Eu queria mesmo era mostrar meu talento e consegui. Além de ajudar a espalhar pelo mundo a música da Material Girl. Tarefa cumprida!

Papai chegou a gravar no nosso videocassete a minha apresentação no Cacareco. Até hoje não sei o paradeiro dessa fita. Juro que queria encontrar. Afinal, este é o registro puro-e-simples, da minha paixão pela diva.

E agora, 22 anos depois, ela continua sendo a melhor, a "The Best", a rainha pop, a tudodebomnessavida, na minha opinião, é claro. E tá vindo pro Brasil!!!!!! Não pude ir ao show de 15 anos atrás e, pelo visto, vou ter que esperar mais 15 pra poder vê-la. Tudo porque não consegui os ingressos depois de uma noite mal dormida por estar em frente ao computador e muita, mas muita dor de cabeça com o site e o call center congestionados. Íamos de família: pai, madrasta, irmãzinha e namorado. Seria lindo se tivesse sido possível.

Até agora minha ficha de que deu tudo errado não caiu. Vejam bem. Estou falando neste show há quase um ano, quando ainda circulava o boato de que ela faria um mega-show no Central Park, em Nova Iorque, pra celebrar seus 50 anos, e de graça. Enlouqueci com isso. Corri atrás de visto pros Estados Unidos, comecei a ver preço de passagens, guardar dinheiro... e aí me sai a divulgação da turnê do Sticky and Sweet. Ela decidiu passar o aniversário em Londres mas confirmou passagem pela América Latina.

Bem aí eu já tava certa de que iria bater no México ou na Guiana, se preciso. Iria vê-la, se não viesse ao Brasil, em qualquer outro lugar. E num é que a danada confirmou a vinda? Parecia um sonho, um presente. E ele quase se tornou realidade. Aquela menininha de nove anos, dançando Like a Virgin continua existindo, registrada numa fita VHS, e virou mulher-super-mega-plus-fã.

Tudo bem. Eu já me conformei. Não sei por que, mas estou com a forte sensação de que até dezembro, data dos shows, algum milagre ou providência divina irá acontecer e eu estarei lá, de frente pra diva, cantando aos berros (com lágrimas escorrendo, tenho certeza), "Yeah, you made me feeeel shiny and neeeeeew"!!!!!! Afinal, a esperança tem que existir, não é mesmo??

E se não rolar, a gente junta a galera, assiste ao show no Multishow e tenta ser feliz do mesmo jeito. Morrer, ninguém vai por conta disso. Só de raiva e frustração. Mas logo passa. Ou pelo menos eu espero que passe...

Beijinhos de menina-mulher-fã ainda tentando uma lugar ao sol do Maracanã ou do Morumbi.

8 comentários:

Unknown disse...

É minha amiga, tá mais fácil achar dinheiro no chão do que comprar esse ingresso. Ela tinha que fazer um show em cada estado brasileiro e proibir gente de fora assistir. Só assim mesmo.

Anônimo disse...

Ingresso tá difícil. Mas, com certeza, no dia da apresentação, milhares de cambistas terão milhares de ingressos para vender. Como é que pode?... Cousas destes Brasís, varonís...
Em relação ao "show", continuaremos "like a virgin".

Beijos

LuNassif disse...

multishow! multishow! multishow!

Fabio disse...

Fala Mayra. Seja bem vinda ao novo domínio bloguístico hehehe. Sobre a Madonna, acho que cada pessoa que ficou ali no entorno do Maracanã, de madrugada, sob risco de assalto para comprar os ingressos da material girl merecia um troféu "Jack Bauer" de ousadia.
Bjs

Gabriel disse...

Ei Mayra.
Tem gente que vai aproveitar para assistir aos shows em Buenos Aires. E ainda fica bem mais em conta.
Abs!
Gabriel Resende

Anônimo disse...

O Globo publicou matéria descascando a empresa que promove o show aqui no Brasil. E trouxe matéria dizendo que vai ter show extra. Andrea me disse que o pagamento foi feito, caiu na conta do Fabninho. Só falta agora a confirmação, não é isso?

Beijos.

Chéri disse...

Eu também sonhava com um show dos Rolling Stones. E jurava que eles nunca, nunca viriam ao Brasil. Eis que, em 95, o anúncio da turnê Voodoo Lounge. Como universitário quebrado, não tinha dinheiro pra ir pro Rio, e já tinha até desistido da empreitada.

Eis que, 3 dias (TRÊS DIAS!) antes do show, indo pro cinema, ouvi na rádio Cultura que eles iam sortear um pacote de ingresso + viagem + hotel. Como não tinha celular (quem tinha em 95?), comprei um cartão telefônico e liguei do orelhão do shopping.

Adivinha quem ganhou e foi de graça ver os Stones?

Beijo.

Mayra Cunha disse...

danieeeel!!!

eu não acredito que vc é sortudo desse tanto!!! se eu soubesse, tinha pedido pra vc ficar tentando no site pra mim semana passada... hahahahahaha.

beijão.