segunda-feira, março 09, 2009

O negócio é passar a mão


Ir a banheiros públicos se tornou um momento tenso na minha vida. Explico.
Antes de tudo você se sente na obrigação - sim, na obrigação - de colocar a mão no sensor para que um forro plástico do vaso sanitário seja trocado au-to-ma-ti-ca-men-te. Nem sentar no vaso você vai, mas troca só porque o negócio tá ali, te chamando. Acabado o serviço, fica olhando pro botão da descarga, ou melhor, pros botões, porque agora são dois: um pequeno pra sugar o xixi e outro maior, mais potente, pra sugar o cocô. Moderno isso de controlar o tanto de água, não? Apertei o pequeno e não aconteceu nada. Tive que apertar o segundo e toda a proposta de contenção de água foi por água abaixo, literalmente. E eu fiz foi xixi, viu??

Aí você vai lavar as mãos. Primeiro você tem que ficar passando as mãos na frente do sensor da torneira, com cara de idiota, pra que a água saia. Meio que fazendo aquele gesto de tatear no escuro. Conseguido isso, é a vez do sabonete líquido automático sair sozinho. Conseguiu? Beleza. Agora vai enxaguar as mãos e começa tudo de novo. E não pode se empolgar esfregando muito uma mão na outra senão sai do sensor e... a água pára de cair. Um saco isso.

Então chega a hora de enxugar as mãos. Você olha pra caixinha de papel, onde está escrito "Mãos secas com apenas uma toalha!" e aí você tá lá de novo, que nem um imbecil, passando as mãos, porque a porcaria da caixa também é automática, esperando que aquela super-e-única toalha de papel que resolverá todos os seus problemas, dê notícias de vida. Só que a tecnologia é burra! No que começa a sair papel, não pára nunca mais!! Tô falando sério!! Por mais que você tire as mãos debaixo, dance um mambo ou dê tapas na caixinha, continua cuspindo papel sem parar. Mais uma vez, a economia vai pro buraco, já que saíram umas 3 ou 4 folhas de uma vez. Entreguei pra mocinha que aguardava a vez de usar.

Em Paris fui usar um banheiro público daqueles plantados no meio da rua. Olhei pra uma caixa de ferro gigante, redonda, em que eu deveria depositar uma moedinha de 1 euro e ser feliz. Mesmo me sentindo a própria Macabéa, encarei a parada. Depositei a moeda, a porta se abriu au-to-ma-ti-ca-men-te e entrei. Na mesma velocidade que abriu, a porta se fechou comigo dentro. Beleza, não fosse o trinco pra sair de lá que nunca achei. Ou seja, já fiz o xixi super-mega-tensa pensando em como é que eu ia fazer pra ir-me embora.

Abre caixinha com sensor pra tirar o papel higiênico. Lava a mão e enxuga, com sensor também. Ok, agora eu quero ir embora e não sei como faço e então??? E então que eu rezei pra não ter uma câmera escondida lá dentro, porque eu comecei a pisar em tudo o que aparecia, tatear e apertar tudo o que tava na minha frente. Sem sucesso e trancada num banheiro, cercada de Paris por todos os lados, pensei: Deve ter algum sensor. Eis que me vi parecendo um personagem de "Ensaio Sobre a Cegueira", com as mãos passando perto de tudo, pra ver se algo acontecia!!!! Vocês não têm noção da minha tensão!!!! No meio disso tudo, lembrei que tava tão nervosa que esqueci de dar descarga no vaso sanitário. Aperto lá o botão pra fazer isso e bingo!!!! A porta do banheiro se abriu, au-to-ma-ti-ca-men-te!!! Lição de moral: em Paris, você só tem direito de ver a cidade se der descarga no vaso, viu?? Não esqueçam disso nunca!!

Agora fica a minha pergunta: tem mesmo que ser tudo automático nesse mundo?? Porque eu fico pensando... se faltar luz, ninguém faz mas nada, né??? Nem cocô direito. É, este mundo tá mesmo perdido...

Beijinhos completamente analógicos.

5 comentários:

Anônimo disse...

agora, conforme a figura acima, com esses vasos sanitários fofinhos.. hehehehe, até eu vou ao banheiro... beijo mayra

Anônimo disse...

Parabéns, belo texto!

Beijos.

Dani disse...

Hahahahaha
Pior que tudo isso é colocar sensor de presença no banheiro. Você tá lá concentrada no seu xixi interminável, e a luz se apaga. Até você entender o que aconteceu e balançar as mãos pra luz acender de novo, são momentos de tensão.

Wilson Natale disse...

Como um adpto do naturalismo, sou a favor da criação de moitas e bananeiras artificiais, próximas a um "corguinho" também artificial... poria inclusive, no alto uma faixa: "Faça as necessidades e aprecie a Cidade!" :)
Saudades de quando os banheiros tinham pedaços de jornais presos a um prego... A gente aliviava-se e educava-se com a leitura... Saudades também daqueles WC que não tinham papel. Usava-se o dedo, exercitado-se a arte do desenho, criando taxismos e grafites. Verdadeiras obras primas...
Não se fazem mais "casinhas" como antigamente. E que saudade do "paior" con todas aquelas palhas de milho...
A-do-rei! Beijins
Wilson.

Jack disse...

Huahauahuahaa! Nossa, sério, em Paris eu teria entrado em pânico! Totalmente em pânico!
Pergunto-me se tanta "tecnologia" assimm é realmente útil...Foi aquilo que você falou com a toalha automática, querem economizar tanto, que acabam tendo prejuízo!Sério, o homem tem dependido muito da tecnologia [ estou incluída nisso, claro] e quero ver quando a energia acabr, ou um mega vírus mundial detonar tudo...Voltaremos ao começo da era Moderno...Hahahaha
Beijão Mayra ;)