
Pois bem, começou esta semana o Restaurant Week, pequeno festival gastronômico beneficente que inclui um montão de restaurantes bacanas da cidade por precinhos camaradas. Semanas antes eu já tava de olho na lista básica de lugares que entrariam no meu itinerário da gula. O bom nessas promoções é que você aproveita pra conhecer restaurantes que nunca foi. Ou porque não te interessavam ou porque não tinha dinheiro pra dar numa reles refeição. Ou não queria mesmo.
Só que eu sou uma curiosa-viciada-alucinada por conhecer restaurantes, bares, bistrôs, lanchonetes e tudo o que envolver comida que seja novo. Vou sem medo de ser feliz. Já quebrei a cara diversas vezes e também já saí extremamente satisfeita. Sempre disse: "não tenho o menor problema em gastar com comida". Não mesmo. E se for promoção então, aí é que eu me empolgo mesmo.
Claro que a gente sempre tem aqueles "lugarzinhos" (Luís Fernando Verissimo tem um texto ótimo sobre isso, inclusive, no livro "A Mesa Voadora") que a gente gosta, indica e quer voltar. E aqueles lugares que a gente tem reservados para ocasiões especiais.
Esta semana fui estrear minha peregrinação no festival num dos restaurantes mais caros de Brasília. Já havia ido 3 vezes, em momentos obviamente especiais e não me arrependi. Pelo contrário. Insistia em dizer "tudo lá é bom". Só que desde ontem, essa frase sai com ressalvas. Sabe o que é você chegar às 11h30 da manhã na porta do estabelecimento porque neguinho adora pagar de pobre e fazer fila antes do lugar abrir quando rola festival? Tudo porque não faziam reservas! Não dá nem pra escapar do mico sob pena de ficar sem mesa pra sentar. Fui, vi e venci. Com namorado e uma amiga a tiracolo, nos prontificamos a almoçar beeeeem. Sabe... comer bem de verdade? Sair feliz e contente por apreciar a alta gastronomia num dia comum? Pois é, só que foi um fiasco. Comida pouca, muito gordurosa e salgada. O bolo de chocolate da sobremesa se esfarelava feito pão guardado dentro do saco há duas semanas. Triste de dar dó. Pedimos um café pra arrematar porque esse aí "não dava pra errar", né?
Saímos frustrados, com um sentimento profundo de querer dar uma segunda chance pro lugar. Será que merece? Ficaram as dúvidas: pra pagar pouco é necessário baixar a qualidade? Pra comermos bem temos que deixar uma córnea como pagamento, como diria minha amiga Pri? O que é que houve??
À noite, lá fui eu pra outro restaurante-metido-a-besta da cidade, também já testado por mim em ocasiões normais e dei de cara com um maître munido de sua incontestável lista de... reservas. Dancei, não tinha feito uma. Na verdade, me irritei, sabe? Logo me veio o pensamento: pra que correr atrás de promoção se eu posso pagar pra comer bem e sair satisfeita? Como diria outra amiga: TTL (Tudo Tem Limite)!! Segui com o namorado pra um restaurante bacanoso da cidade, a poucos quilômetros dali e me senti a pessoa mais feliz do mundo: atendimento exemplar, refeição maravilhosa, ambiente super agradável e conta razoável. O sorriso e a satisfação eram tantos que deixamos 20% de taxa de serviço, por merecimento.
O festival continua. E eu sou teimosa. Vou continuar tentando. Sou brasileira e não desisto nunca. O legal é que agora o sentido da coisa mudou. Em vez de ir experimentar lugares novos, estou indo desmistificar aqueles lugares tidos como "perfeitos". Bom que o estímulo agora é maior. Alguma coisa a gente tem que tirar disso, né não? Só que já tô me vendo "na torcida" pro lugar ser um fracasso e poder sair falando pra todo mundo a novidade... hehehe.
Beijinhos promocionais em tempos de liquidação.