quarta-feira, janeiro 20, 2010

Uma breve (e merecida) homenagem


Noventa anos. Seria essa a idade que Federico Fellini faria hoje se estivesse vivo. Era uma pré-adolescente quando meu pai me apresentou Amarcord, filme-ícone do cineasta que viria a ser meu preferido para sempre. Valeu, Dédi!

Vi "quase" todos os filmes dele e não me crucifico por isso. Alguns me bastam. Bastam tanto que vejo sempre que posso e falto bater palmas sozinha quando sobem os créditos. O que é bonito merece aplausos. Amarcord é uma ode à infância. Autobiográfico, singelo e lindo. Trilha sonora estonteante de Nino Rota que serviu de toque do meu celular por alguns anos. As expressões de "Tita", garoto-personagem principal, descobrindo o mundo são fantásticas. A mulher da tabacaria e seus seios sufocantes; o mendigo sanfoneiro; Volpina, a ninfomaníaca notívaga e Gradisca, uma delicadeza de mulher. Aliás, batizei de "Gradisca" nossa cachorrinha boxer que fez jus ao nome até o dia de sua morte.

Ensaio de Orquestra é uma obra de arte. La Dolce Vita é luxúria pura. Oito e Meio um delírio e Noites de Cabíria tem beleza e graça. E não pára por aí. Roma, Abismo de um Sonho, A estrada, Julieta dos Espíritos... Ah, a grande Giulietta Masina! Inspirou versos de Caetano e sofreu tanto com a morte do marido, Fellini, que não aguentou e morreu pouco depois... de amor.

Engraçado como ainda não consegui encontrar um cineasta contemporâneo que consiga dizer "adoro" ou "é um dos meus prediletos". Fellini me conquistou, me trouxe outro entendimento de cinema, roteiro e diversão. Alguns anos atrás aproveitei a mostra em homenagem aos 10 anos de sua morte pra ver e rever muitos de seus filmes no cinema. Afinal, na telona tudo fica mais divertido. Chorei, ri e me apaixonei mais ainda por esse que é e vai ser, na minha opinião, o maior criador de histórias de gente simples que sente o mundo como qualquer um de nós sabe sentir.

Viva Fellini!

13 comentários:

Anônimo disse...

Pois é Mayra, vc realmente foi sortuda de ter tido contato tão cedo com os filmes de Fellini. Eu só fui dar valor a esse maravilhoso cineasta depois que entrei na faculdade...que vexame! mas hoje digo com certeza que o filme que mais amo dele é "Noites de Cabíria", pois mostra que mesmo depois de muitas desilusões temos que "sacodir a poeira e dar a volta por cima"! o máximo!!!!Beijos,
Marina

Nana Ervilha disse...

gradisca... tinha me esquecido dela. li seu texto e o filme todo se desenrolou na minha frente. bela homenagem. beijos

Kinha disse...

Cara, nunca assisti um filme dele. Pode me apedrejar. Beijos...amo-te

Flávia Magalhães disse...

Engraçado, Fellini também fez parte da minha adolescência, mas me sinto distante hoje.
Ler seu post me lembrou dela, do Cine Brasília - os filmes dele eram recorrentes lá, né?, as sessões duplas...que delícia.
Viva viva Fellini!

Guiga disse...

Achei ótima a homenagem, Mayra. Mas confesso que achei que o personagem fosse outro.
Hoje também é dia do fusca rs...
Bj.

LuNassif disse...

tou com a baratinha. mas não me bate não...

Flávio Coelho disse...

Sua homenagem garante uma sessão especial de cinema em casa neste final de semana. Vai ser um graaande prazer assistir contigo e o Merlin, o Gato.

mamis disse...

que bela homenagem vc fez e que texto maravilhoso. Deu vontade de homenagear a Gradisca revendo o filme. bjs.

mamis disse...

que bela homenagem vc fez e que texto maravilhoso. Deu vontade de homenagear a Gradisca revendo o filme. bjs.

GARAGE SALE disse...

Olá Mayra,
uma amiga me encaminhou sua homenagem à Fellini. Passei o dia na correria e apesar de ter tomado um espresso olhando para os desenhos dele na parede não tinha lembrado da data. Imprimi seu comentário e colocarei hoje no quarto de trocar dos funcinários (Do Fellini Caffè 104 sul que inaugurou há 1 mês em Brasília).
Viva!
abraços, Moema.

Unknown disse...

Assim como você, meu primeiro Fellini foi Amarcord, adoro, mas depois assisti Noites de Cabíria e fiquei fisgado por Giuletta. É meu predileto. A cena do hipnotismo nunca mais saiu da minha cabeça, ainda mais que quando vi estava meio sonolento e quase fui hipnotizado junto, juro!

Gosto muito de La Dolce Vita, também. 8 e 1/2 só fui ver há poucos dias, para me habilitar para ver o musical Nine. Adorei, mas agora nem sei se vou ver Nine, pois a crítica não está simpática e temo estragar a obra original.

E Ginger e Fred, não viu? Não só me amarrei, como esse filme me introduziu outra paixão, justamente os grandes Fred Astaire e Ginger Rogers. Recomendo!

Bjs, Vladimir
http://cantodovladimir.zip.net

Marina Hodgson disse...

Mara Milk Shake,

Quando fui pra Itália fiquei entre te trazer o potinho de murano ou um poster de um filme de Fellini. Se soubesse de sua paixão tinha trazido o poster (ou os dois). Eles são vendidos baratinho (lindos!!!!) nos camelôs de Roma, perto da Fontana di Trevi (linda!!!!!!!).

Bjs

Wilson Natale disse...

Mayra, como os famosos elevadores ATLAS, vou comentando: Atlas-ado :).
Falar da minha paixão pela obra do Fellini levaria horas de textos e mais textos.Ele é apaixonante! E amo La Masina, minha Giulietta degli spiriti; amo a Gradisca que, como comentei uma vez, DAVA E DOAVA. Como "oriundo" vivi nas telas do Cine Coral - especialista em produção italiana, as obras dos grandes diretores. Obras que,além das histórias, encham-nos os olhos com peitões, bocas e olhares lascivos das divas carnudas. E, contemporâneo dessas grandezas, vi e revi tudo o que tinha direito. Afinal eu sou do tempo que, quando a Sophia Loren entrava em um lugar, levava meia hora para entrar de vez.Não era por causa dos peitões, não. Era por causa do narigão que ela tinha.Agora, após a plástica, leva, com peitão e tudo, uns 15 minutos para entrar. (risos) Boa Lembrança.
Beijos sabor pipoca do Cinema Paradiso.
Wilson