terça-feira, março 06, 2012

Uma Pitada de Ânimo

Não é segredo pra ninguém que eu gosto de uma cozinha. Minha relação com as panelas vem dos tempos de criança. Meu primeiro livro de culinária chamava-se Anita na Cozinha e eu devo ter ganhado ele quando tinhas menos de dez anos de idade. Sim, a minha mãe, cozinheira de mão cheia, sempre me estimulou a aprender a cozinhar. Ainda pequena aprendi a fazer um bolo de chocolate que era sensação lá em casa. Meu irmão adorava tanto que eu tinha que assar duas fôrmas: uma pra ele e outra pro resto da casa. Aos 12, ganhei um super livro da minha mãe, livro de adulto, sabe? Fiquei super-metida e mostrava pra todas as minhas amiguinhas. A Boa Mesa, de onde até hoje eu tiro receitas. Mas meu negócio eram os doces, me aventurava muito pouco fora do mundo das sobremesas, ou seja, engordar o povo era minha diversão. Até que aos 21 anos decidi ir morar sozinha. E como diz o velho ditado: "A necessidade faz o monge". Lá fui eu tentar aprender o básico "pra sobreviver" (ai, que exagero, Mayra!).

Eu era praticamente vizinha da minha mãe e dividia um apartamento com um amigo (um verdadeiro "santo", eu diria), que foi minha primeira cobaia, coitado. Porque eu fui tinhosa e não ia almoçar na casa da mamãe. Pelo contrário. Eu ligava pra ela quase todos os dia perguntando como fazia carne moída, fritava um bife, cozinhava arroz soltinho e coisas do gênero. As aulas eram todas por telefone. Na sequência, eu ligava pro meu amigo e dizia: "vem almoçar em casa hoje que eu tô cozinhando", como se fosse uma vantagem tremenda pra ele. Acho que se tivesse vídeo-chamada naquela época eu teria visto várias vezes a expressão de medo que, possivelmente, ele fazia ao me ouvir dizer isso. Mas ele ia, comia e ainda dizia que estava ótimo!!! Melhor que encomenda, né?

Na mesma época eu tinha um namorado que cozinhava super bem e eu ficava toda acanhada de fazer algo pra ele comer. Então eu treinava escondida em casa, quando estava só, com medo de alguém confundir meu apartamento com o Vaticano quando surgia uma fumaça saindo pela janela. Não, eu não tinha escolhido o novo Papa, tinha era queimado alguma coisa mesmo. E assim eu fui, perseverando e experimentando receitas.

Mesmo depois de voltar a morar com a minha mãe, arriscava encarar o fogão de vez em quando pra não perder o hábito. E só então, na minha última saída de casa pra morar sozinha de novo, eu encarei com determinação a ideia de cozinhar com frequência. Nisso, hoje eu faço comida em casa quase todos os dias. E ainda aproveito pra chamar os amigos para experimentarem e me darem suas notas de vez em quando.

Nunca mais eu escrevi aqui no blog, sabe-se lá o motivo. Talvez por preguiça ou por falta de assunto. Até pensei em encerrá-lo de vez e dar um delete no endereço. "Chega de blog, já se vão dez anos, né?". Mas aí eu pensei: por que não escrever sobre outros assuntos daqui pra frente que não sejam só as peripécias da minha vida? Por que não compartilhar uma ou outra experiência gastronômica, com meu já conhecido texto, com vocês? Por que não aproveitar que este blog já tem nome de coisa de comer e me empolgar de novo em trocar umas palavrinhas com quem sempre me leu?

E aqui estou. Querendo voltar a escrever sobre vários assuntos, querendo colocar as idéias em ordem e, muito provavelmente, doida pra dividir com vocês meus pequenos momentos solitários no castelo que agora tem uma cozinha de verdade (a outra era de casa de boneca, juro!), onde eu invento e testo as mais divertidas receitas. E não, a fumaça do conclave nunca mais saiu pelos meus cobogós. Eu agora virei gente grande e até que me garanto com uma colher-de-pau na mão. Pelo menos é o que tenho escutado por quem já provou do que ela faz. E aí, quer continuar provando do meu Milk Shake?

Beijinhos culinários de jornalista prendada.

9 comentários:

Ricardo Lira disse...

Ja li e estah otimo. Parabens!

Bjs

Mariana disse...

Posto aqui o que a Kelis provavelmente diria a você: "my milkshake brings all the boys to the yard"!

Mayra Cunha disse...

Hahahahaha. Ótimo, Mari. Mas quem é Kelis? Rsrsrsrs.

Josélia Neves disse...

Adoro sempre!

Kakau disse...

ô bichinha pra escrever bem, viu?
bjs.

Andre S. J. disse...

Se quiser deixar umas receitas também... hehehehe

Wilson Natale disse...

O milkshake continua sendo!
Quanto as comidas, os quitutes e acepipes feito por você, devem ser fotografados e postados aqui.
Fotos de comida também alimentam,sabia?... E ENGORDAM!
Beijins com hálito de alecrim, majericão, louro, etc.
Wilson

Ana disse...

Hoje briguei feio com a dependência que o arquiteto do meu prédio considerou oportuna para hospedar uma cozinha. É claro que ele não cozinhava. Nesta briga, obviamente eu tenho muito mais a perder do que a tal da pseudo-cozinha, assim que terei que assinar trégua e aceitar os fatos: um fogão e uma geladeira nunca serão uma cozinha.
O aprendizado é a constatação de que um dos meus (multiplos) sonhos é ter uma de verdade, daquelas que possam ser chamadas com todas as letras (e utensílios) C-O-Z-I-N-H-A! Em vistas de que esse fato, minha querida Mayroca, esta mais distante do que eu gostaria... Me diga uma coisa: quando cargas d’agua a Senhora vai me convidar para experimentar suas criações???? Bateu a fome.

Adoro seu blog.

Anônimo disse...

Mayra,
Tambem amo cozinha e coleciono receitas:) minha colecao ja tem 16 anos podiamos compartilhar experiencias e receitinhas legais:) Um beijo, Thays