quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Que estouro! Que beleza de carrinho!


Sabe aquele brinquedo que você sempre quis e nunca teve? Tipo um Autoramas todo cheio-de-nove-horas e o máximo que seus pais te davam - e que podiam dar - era um carrinho de fricção pra você se virar como podia? Ou então aquela Barbie toda fresca e cheia de modelitos recém-lançada e que você tinha que se contentar com uma Suzy modelo basiquinho, solteirona, porque não rolava grana nem pra comprar um Ken, mesmo que genérico?

Pois é. Aí você vai crescendo e - pasme! - seus pais também. Quero dizer, eles prosperam, melhoram de vida e começam a fazer upgrades nos seus brinquedos. E então você ganha um super Ferrorama ou uma Barbie Lady-Gaga over-power-plus e fica se sentindo a pessoa mais importante do universo. É assim que eu estou me sentindo. A pessoa que passou de uma Suzy pra uma Barbie by Jean Paul Gautier. Explico em poucoas palavras: troquei de carro. Rá!

A diferença todas nas comparações acima é que não foram meus pais que puderam comprar, fui eu, o que deixa tudo muito mais interessante. E eu resolvi me dar um presente de gente grande. Decidi que precisava ter meu primeiro carro zero, meu primeiro carro com ar-condicionado, meu primeiro carro com direção hidráulica. Ou seja, meu primeiro carro de adulto. Aquele carro que você diz "quando eu tiver família vou ter um". Não constituí família ainda, mas e daí? Só sei que eu arregacei, botei pra quebrar.

No Piauí existe uma expressão que eu adoro: "desmantelo só presta se for grande". Quer dizer, mais ou menos, que se for pra fazer um estrago, que faça um estrago de responsa, um estrago pra ninguém botar defeito. O meu desmantelo foi passar de um carro mil (ou melhor, "sem") pra um carro "com".

Nunca dei a mínima pra carros. Pelo contrário, usei os meus até se acabarem sem me preocupar com o último modelo ou tempo limite de revenda. Meu dinheiro nunca foi direcionado pra isso. Portanto, eu abri uma concessão em causa própria. E estou feliz da vida. Meu carro novo, como toda conquista (inclusive a de quando comprei meu primeiro usadinho 1.0 show-de-bola) é lindo de morrer. No momento, o carro mais bonito do mundo. Tô querendo morar dentro, inclusive. Só não o faço porque meu cafofo tem o seu valor. Comprei um top de linha que tive até medo de dirigir quando tirei da concessionária. Juro pra vocês.

Ao receber meu novo carango, eu parecia aquela criança que tava indo escolher seu primeiro videogame e que quicava de alegria na loja. O vendedor tava vendo uma moleca e não parava de rir da minha empolgação. Levei minha fiel escudeira comigo pra conter meus impulsos. Então o vendedor vem me explicar, tintim por tintim, cada botão, compartimento ou acessório. Eu não deixava por menos. Nem ela.

Abrindo o porta-malas:
Vendedor: Aqui a senhorita vê que tem uma redinha de proteção pra carregar...
Eu (interrompendo o moço): Olha amiga!!! Vem lugar pra levar as crianças com segurança!! Que bacana essa redinha pra elas não irem sambando de um lado pro outro enquanto eu faço as curvas. Esses koreanos pensam em tudo mesmo. Que danadinhos.
Fiel Escudeira: Gente!! E tem puxadores pra elas fecharem a porta do porta-malas por dentro! Genial. Dá independência, né? Bacana mesmo.

Vendedor (rindo torto, sem saber se falávamos sério ou não, mostrando mil porta-trecos e o porta-luvas): Este compartimento é refrigerado. A senhorita pode colocar um refrigerante ou um suco que ele mantém geladinho...
Fiel Escudeira (interrompendo o vendedor): Refrigerante?? Meu bem, você acha que minha amiga se rasgou no meio pra comprar esse carro pra ter um porta-luvas refrigerado e levar suquinho?? Vai levar cer-ve-ja. Cerveja, ouviu bem? (E me dá uma piscadinha).

Então o vendedor me diz: Você escolheu uma placa fácil. Esses números te dizem alguma coisa? Têm algum significado pra você?
Fiel Escudeira (me interrompendo): É pra ela lembrar rápido quando for parada numa blitz bêbada e precisar falar pro guarda.
Vendedor: Vocês estão me assustando!!! (E riu).
Eu: Assustado você vai ficar quando eu tirar ele daqui. Eu só preciso aprender a dirigir antes. Ou o senhor acha que eu sei lidar com carro automático???

Depois dessa, me entregou as chaves, me disse um bom "Até breve e boa sorte" e lá fui eu feliz e contente pra casa mostrar meu novo mimo pra família orgulhosa. E sem deixar o carro engasgar nenhuma vez. Agora eu só tô pensando que preciso arrumar uma utilidade pra minha perna esquerda e pro meu braço direito, já que não piso mais na embreagem nem passo marchas. Acho que vou começar a fumar. Hahahahaha.

O melhor de tudo é poder encher o peito e dizer: "fi-lo porque qui-lo"!! É meu e eu mereço. Ah, se mereço. E sim, eu estou tirando onda. Porque não sei quando vou poder fazer isso de novo tão cedo, tá?

Beijinhos de quem tá em lua-de-mel com seu veículo novo e que não tira o dedo do botão do ar-condicionado quando entra nele.