sexta-feira, setembro 09, 2011

A Princesa e seu Castelo


Sumi, né? Dei um tempo daqui, cansei de vocês, cansei do mundo, deste blog... Mentira! Eu tava era alucinada administrando a reforma do meu apartamento e quase pedi pro mundo parar pra eu descer. Não tá fácil pra ninguém.

Existem determinados talentos que são realmente inatos. Tocar obra, por exemplo, é um deles. Descobri nos últimos meses que não tenho nenhuma vocação pra lidar com pedreiro, bombeiro e qualquer outro "eiro" que envolva uma reforma. Aliás, eu tive a certeza de que nunca vou construir nada nesta vida (de alvenaria, digo). Sim, eu tenho meu lado princesa.

E enfim eu me mudei de casa esta semana. Saí do meu lindo cafofo para o meu lindo castelo. Fiz um upgrade de 70 para 95 metros quadrados de pura felicidade. E sabem por que? O apartamento é meu em sociedade com meu irmão. Sem mais. Nada melhor do que morar no que é seu, não é mesmo? Não joguei no Pião da Casa Própria do Sílvio Santos mas foi como se fosse. E como todo apartamento antigo, precisava de reparos, muitos reparos.

Enfrentei a situação com unhas e dentes. Eu tinha janelas e portas pra trocar, piso pra arrumar, paredes pra pintar e buracos pra tapar. A primeira coisa que descobri é que não se deve nunca (eu disse NUNCA) acreditar nos prazos que te dão para entrega do serviço. Eles mentem, acredite em mim. Lição número dois: se você reforma a janela, vai ter que mexer na parede. Se quebrar a porta, vai ter que mexer no piso. E se recuperar o piso, vai ter que retocar o rodapé. E assim, su-ces-si-va-men-te. Ou seja, mudar uma coisa significa mudar várias outras e nessa brincadeira, o salário ó, não dá nem pro cheiro.

Outra coisa interessante é desbravar o incrível mundo dos materiais de construção. Olha que eu gosto de lidar com coisas de casa, gosto de decoração, gosto de detalhes. Mas daí a saber qual é o melhor rejunte e massa corrida, ultrapassa meus limites. Todo os dias o responsável pela obra me ligava pra dizer uma coisa diferente: "Ô Dona Mayra, tem que trocar a soleira da porta também que tá rachada, compra de granito!". Soleira? Que porra é essa? "Dona Mayra, vai ter que comprar outra tinta porque do lado de fora a cor é diferente. Mas traz látex acetinado, viu?". Hein? "Dona Mayra, compra o alizar de 17cm porque sua porta é mais larga!". Alisar quem? Eu quero a minha mãe!

Depois de muita dor de cabeça, stress, vontade de me jogar pelas janelas novas enforcada no cabo de força, deu tudo certo. Quer dizer... está dando. Porque agora começam as benfeitorias (gente, adoro essa palavra!) que serão realizadas comigo dentro do imóvel. Ahã. O bom é que agora não há pressa, não há desespero e nem a frustração de pensar que está gastando com algo que não será seu. Assim como o tempo, a despesa não pára, mas o gosto de investir no que é da gente não tem preço (cadê a Mastercard numa hora dessas?).

A mudança foi um fardo. Decidi que encaixotaria tudo eu mesma. Consegui juntar em dois anos o que acho que não juntei nos outros seis em que morei sozinha. Como o ser humano acumula coisas, né? Principalmente um ser humano de 1,58m, espevitado que atende pelo nome de Mayra. Tudo bem que 50% da minha tralha são coisas de cozinha. E não fala nada não porque você pode ser o próximo a usufruir do que esses utensílios fazem, tá?

Ainda cercada de caixas (foram umas 30, juropordeos!) estou muito feliz! Meu castelo está ficando cada vez mais parecido comigo e com cara de lar. E digo com veemência: se tiver que me meter em obra de novo, pago alguém pra fazer isso por mim. É que nem cerimonial de casamento: é caro mas você contrata pra não ter dor de cabeça, pelo menos é o que reza a lenda... Deixa eu acreditar nisso um pouquinho, vai?

Beijinhos com cheiro de tinta e sinteco novos.