segunda-feira, novembro 12, 2012

Porque eu sou como o Jack, prefiro ir por partes...


Diz aí pra mim: você levaria pra sua cama uma fatia do bolo ou o bolo inteiro pra comer? O que é mais prático pra você, a parte ou o todo? Livros deveriam ser pensados da mesma maneira pelas editoras. Tenho visto muito em livrarias edições unindo todos os volumes de uma série de uma vez com poucas opções de venda em separado. E quando elas existem, são extremamente caras, te obrigando a levar o tijolão pra casa pra "economizar". 

Aí vem a questão: comprar volumes separados ou coleções inteiras em edições especiais? Sinceramente? Eu acho que quando reunidos, deveriam vir acompanhados de um vale-academia: cada capítulo, 3 aulas de musculação. Se a pessoa ler deitada, é claro. Malha o bíceps e o tríceps que é uma maravilha. Agora se ler sentada, tem que rolar mesmo é um vale-Pilates, no mínimo. Porque haja preparo físico pra tantas páginas de uma vez só e postura física pra dar conta disso tudo.

Edições de luxo são lindas (eu mesma, adoro!), principalmente na prateleira. Ou em cima daquela mesa de centro da sala pra fingir que o dono da casa é cult. Mas só serve pra isso. Falo sério Tô pra ver quem se senta e lê tijolos de capa dura e fios dourados lindos com 40 cm de altura e 10 cm de grossura deitado na cama. Se você consegue folhear isso com o corpo na horizontal, meus parabéns!, tenho certeza que irei te ver no próximo Iron Power Super Fitness Club Body Shape Championship. Uhuuuu!

Cansei só de pensar.

Isso me lembra quem diz que ler cansa, né? Ô, se cansa! Ainda mais nessas condições. Se as editoras pensarem mais nisso e não em como é mais fácil ganhar dinheiro, talvez seja menos cansativo que algumas horas na academia. Aliás, se academia fosse ruim, a principal e mais respeitada do Brasil não seria a de Letras e, muito menos, seriam imortais aqueles que fazem parte dela, não é mesmo? Tá, já tô misturando as bolas. Voltemos à pauta.

Livro bom é aquele que a gente carrega com a gente, leva na bolsa, lê no metrô, na sala de espera do dentista. Aquele que fica te esperando na cabeceira da cama pra ser consumido antes de apagar o abajur. É o que você leva pro banheiro na hora do aperto, lê no café enquanto espera a trufa, coloca na bolsa pra qualquer imprevisto ou espera que venha a ocorrer. 

Como ter vários volumes em um só nesses momentos? Imagine os três volumes de O Senhor dos Anéis em um só? Inventei de dar de presente pra mamãe quando estreou o primeiro filme pouco antes de ela viajar de férias. Depois de muito me enrolar ela confessou o tormento que foi levar aquele livro no avião, o suplício que era segurá-lo na cama pra ler, o peso que fazia na sacola de viagem. E eu lá, achando que tinha feito um bom negócio e a coitada carregando uma mala a mais. Entenderam o que eu tô querendo dizer?

Editoras!!! Atentai bem!!! Existem leitores e eles gostam de vocês. Que tal um agradinho de vez em quando? A gente promete retribuir com boas recomendações, presentes sinceros e publicações em redes sociais. Vamos fazer edições separadas legais também e a preços justos? Eu continuo amando vocês e suas edições especiais, aliás, minha mesa de centro e a professora de Pilates super agradecem, mas poder carregar um livrinho mais leve e optar pelos volumes em separado ou não é um livre arbítrio do leitor, concordam? Vou ficar de olho, hein?

Beijinhos de leitora de cabeceira e colecionadora de prateleira ranzinza.

segunda-feira, agosto 13, 2012

Amar é...


Acho que Domenico De Masi, quando inventou o termo "ócio criativo", não imaginou como seria usado. Entrei de recesso de uma semana em julho e não fiz nada, absolutamente nada. Tá, eu dormi. Dormi, li, vi televisão e comi (porque saco vazio não pára em pé). Para alguns, isso pode ser considerado alguma coisa, mas pra um ser inquieto e hiperativo como eu, é o mesmo que ter jiboiado por horas depois de comer e criado raízes na cama de tanto preguiçar. Ou seja, ócio puro. E nada criativo, confesso.

Tive um momento de insight quando vi no Facebook, numa página de coisas antigas que acompanho (sou daquelas que diz que nasceu na época errada, adoro coisa velha), um álbum de figurinhas do saudoso Amar É. Quem tem mais de 30 anos sabe do que se trata. Nostálgica como sou e ociosa como estava, logo pensei se ainda existiam esses álbuns onde a gente comprava cromos auto-colantes e os trocava com os amigos, às vezes até num jogo de "bafo" (rá! não leu Luluzinha e Bolinha, né? Procura no Google!).

Aí eu resolvi que a única coisa útil (oi? útil?) que eu faria no meu recesso seria procurar um álbum bem bacana pra eu preencher como nos velhos tempos. Então eu me dei conta que colecionar figurinhas não é divertido se não tiver ninguém pra trocar as repetidas com você, concorda? "Tem problema não", pensei, "É só eu escolher alguém pra ser meu coleguinha e pronto". A pessoa estar a fim disso ou disposta é oooutra história. E elegi o mais lúdico dos meus amigos.

Pus meu plano em prática: combinei de almoçarmos juntos e cantei a pedra. Ele gostou da idéia (ah, tinha que gostar, ia brincar mesmo se não gostasse, garanto!) e me deixou escolher algum álbum legal pra gente comprar. A gente? Opa! Quem tava ociosa era eu. Saí do almoço em busca das bancas perdidas, perguntando e vasculhando prateleiras. Tudo o que eu achava interessante, ligava pra ele - que de ocioso não tinha nada, estava trabalhando loucamente - pra dizer: "Harry Potter ou Batman? Angry Birds ou Valente?". Até que ele não atendia mais minhas ligações e comecei a me comunicar por torpedo. Sem respostas - claro, ele não tinha obrigação nenhuma de compartilhar da minha loucura - resolvi que ia decidir sozinha. Sempre fui independente, oras. Até porque eu tinha esquecido que tinha escolhido o amigo mais lúdico e mais exigente também. "Mayra. não tem um tema também da nossa época, tipo Snoopy ou Turma da Mônica?". Não, não tinha. Tá pedindo muito, já.

Na primeira banca que entrei, fui hostilizada porque não sabia ao certo qual álbum eu queria e pedi pra ver todos. Afinal, eu estava enferrujada há anos!!! A vendedora mal-humorada me disse:

- Ah, minha filha, mas são muitos pra eu pegar pra você ver.
- Tem problema não, tô com tempo de sobra pra ver.
- É, mas eu não tô com tempo de sobra pra te mostrar.

Tratar assim uma mulher de 36 anos que quer brincar de figurinhas pode, Arnaldo? Na Banca da Rodoviária pode. Saí de lá puta da vida e me debandei pra asa sul. Onde já se viu?? Decidida a voltar pra casa com meu álbum em mãos, fui parando de banca em banca. Quando eu já estava lá pela décima terceira ou quarta, encontrei, finalmente, algo que "nos" agradaria: Mundo Mágico Disney. Conta desde o primeiro filme de animação até os atuais, da Pixar. Da Branca de Neve ao Carros 2. Super bacana, bonitinho e colorido. Pronto, resolvi. Dois álbuns pra viagem por favor! E não reclama não, Marcelo!

Foi aí que veio a segunda parte e a mais difícil: encontrar as figurinhas. Rodei mais umas dez ou doze bancas (eita falta do que fazer, hein?!) até encontrar pra comprar uns 30 pacotinhos ao todo. Eu, que tinha saído de casa pra almoçar, cheguei com o sol se pondo e looouca pra sentar e colar meus cromos. Cada vez que colava um mais torto eu tinha vontade de morrer. Pô! Assim meu álbum vai ficar feio, né? Pode não.

Então liguei pro coleguinha e avisei: "Tô com teu álbum aqui. Temos que almoçar de novo pra eu te entregar". E como todo ócio criativo que se preze, eu fui a pessoa mais empolgada do mundo até cansar. Quando fico muito tempo sem comprar figurinhas, olho pro álbum e penso: "Será que o Marcelo já trocou com alguém? Será que eu saio pra comprar figurinhas e ligo só pra contar que já tenho mais do que ele? Hihihi".

Mas a brincadeira nos tempos de hoje está sem graça. Se você não trocar os cromos ou ganhar dos amigos no bafo, basta entrar na internet, marcar os números que faltam e pronto, chega tudo na sua casa bonitinho e completinho. Mas como eu sou nostálgica, vou continuar tentando completar o meu sozinha. Só assim pra eu entrar em bancas de revista e reviver meus tempos de menina. Se alguém quiser brincar comigo, ficam a dica e o convite. Conheço um bando de gente que compra álbuns dizendo que é pros filhos só pra ter o prazer de brincar. Ahã. O importante é se divertir, não é mesmo?

Beijinhos autoadesivos pra vocês.

quarta-feira, julho 04, 2012

The Book is on the Table, EVER!



(Texto publicado em 30 de abril de 2005)


Eu não sei falar inglês. Eu finjo que sei. Aliás, finjo muito bem, se querem saber. Pra não pensarem que sou uma completa ignorante no assunto, posso dizer que me saio muito bem quando tomo umas e outras ou quando estou sob pressão. Aí viro poliglota. Faço até tradução simultânea. Ahã. 


A coisa funciona assim: no meu estado normal (sim, ele existe) eu entendo até bem quando ouço alguém falando e leio em inglês direitinho. O problema é que eu moooorro de vergonha de falar. O pouco que eu aprendi me garante a comunicação (gente, eu me comunico sempre e de qualquer jeito, é bom que isso fique claro!), mas eu não sei construir frases muito bem. Para acabar com essa vergonha, só (muito) álcool. Ou a necessidade pura e simples. Oh yes!


Momento será-que-dá-pra-chamar-ela-ou-tá-difícil?? 


Há alguns anos, minha adorável prima foi fazer um curso no Japão. Nessa época, eu morava sozinha e adorava dar telefonemas de madrugada pra todo mundo, uma vez que eu chegava tarde em casa das baladas e a tarifa era mais barata. Imaginem então pro Japão, já que rolava sempre a diferença de fuso e aquela sensação de não acordar ninguém, pois era dia lá!!! Até que Ana Paula Arósio me aparece com aquele rostinho de boneca na tv e me conta que ligar pro Japão tá com um precinho ótimo com o 21. Ôpa!!! Vamos nessa!! Cheguei em casa por volta das 4h da manhã já animadíssima de tanta cerveja e decidi matar saudades da priminha. Liguei pra escola dela e uma voz ajaponezada atendeu falando-qualquer-coisa-que-eu-não-entendi (ah, gente, entender inglês já é difícil, falado por um japonês então... tão querendo muito!!), supus ser algo tipo "Escola Japonesa Que Ensina Brasileiros, boa tarde". Fiz voz de aeroporto e falei (vagarosamente): 


- Please, I want to talk with Clarissa Carvalho. Room eight-eight-seven. (ufa! Acho que consegui!). 

- Origami sukiyaki ikebana karate. 
- Helloo-ôu! I said room eight-eight-seven, please! 

- Cri-cri-cri...
- Helloo-ôu! I said room eight-eight-seven, please! - Sushi sashimi tai chi chuan sayonara. 

Eu tava quase ficando louca e me convencendo que um sobrinho do Buda tinha atendido ao telefone, até que um ser falou comigo em inglês e me disse que minha prima tava viajando pra Tóquio, a passeio (chato, né?). Pra não perder a ligação, passei boa parte da noite conversando como o fulano, um tal de André. Não entendi bem de onde ele era nem que curso tava fazendo. Mas dei boas gargalhadas (garanto que ele também) depois de meia hora de papo. Tive a certeza de que tinha me saído bem quando falei com minha prima num outro telefonema e ela me disse tudo o que nós tínhamos conversado (ele contou pra ela). Ponto pra mim! A coisa foi tão bacana que eu até pedia pra chamá-lo quando ligava e ela não podia atender. Virou meu melhor amigo (ahã).  O que a cachaça não faz... 


Momento pra-holandês-ver: 


1997, carnaval em Olinda. Eu e Mrs. Aviani chegamos com nossas mochilonas e fomos procurar a casa onde iríamos nos hospedar. Como não tínhamos compromisso com nada, o calor tava grande e as ladeiras não acabavam nunca, decidimos sentar num boteco e tomar uma gelada para descansar um pouco e continuar a jornada (tão pensando que é fácil desfilar por aquelas ruas com um peso enorme nas costas??). Relaxamos tanto que encontrar a casa virou um mero detalhe. Eis que passa na nossa frente um cara leeeeiiiindo, sem camisa, com umas tatuagens bacanérrimas e um bronzeado-de-gringo sem igual, com cara de perdido. Como nós. Ficamos só babando. Eita que esse carnaval promete... 


Quando encontramos a casa que tínhamos alugado junto com a torcida do Flamengo, a do Corinthians e a do Sport Club do Recife (affe, nunca vi tanta gente num lugar só!), demos de cara com quem, com quem???? Uma nota, Maestro Zezinho!!! O cidadão-tatuado-no-braço-calção-corpo-aberto-no-espaço-coraçãããão!!! Isso mesmo, o gringo gato com cara de perdido que tínhamos visto lá no bar. O mocinho também estava hospedado na nossa casa. (Batendo palmas, clap clap. Dando um grito uuuuuu. Levanta a mão passando energia!!!). Só nos restou fazer amizade, é claro (depois das cervejas, tudo é possível). 


Descobri que o bofe era holandês, morto de lindo e gente boa (muito boa), estava no Brasil há dois meses, rodando todo o litoral. Conversei horroooooooooooooores com ele. Não sei de onde saiu tanto vocabulário. O inglês saiu com uma naturalidade incrível (o que não é a necessidade misturada com o álcool, hein?). Eu estava me sentindo a própria colaboradora da revista Speak Up naquele momento. A sintonia foi tanta que arrumei um namoradinho holandês de quebra pra passar o carnaval inteiro (boba, eu???) e ainda treinar a "língua". Hohohoho.. Afinal, eu estava ali de passagem... 


Momento help-I-need-somebody! 



2002, Festival Internacional de Cinema de Brasília, na Academia de Tênis. Eu trabalhava na produção e minha amiga Marina trabalhava como hostess dos diretores, atores, produtores do mundo todo que participaram do evento. Um deles era ninguém menos que Morgan Freeman. Marina era a responsável por andar com ele pra cima e pra baixo, traduzindo tudo que ele dizia. Tinha vindo pra lançar o filme (péssimo, por sinal) Crimes em Primeiro Grau, que seria exibido no antigo Americel Hall, a maior sala de espetáculos de Brasília. 

Sala lotada de gente ansiosa e todo mundo do staff nervoso. Marina deixou Morgan (para os íntimos, tá?) comigo enquanto organizava tudo no restaurante para onde ele iria na seqüência, depois de apresentar o filme pro público. Até aí, tudo bem. Eu só precisava dizer algo tipo "Come here, Morgan. Follow me". Ele só tinha que me seguir até o camarim. Fácil essa parte. Tiraria de letra.


Faltando 40 minutos para ele entrar em cena e o filme ser projetado, cai uma fase de luz e o teatro fica quase às escuras. Pânico na torre. Ou seria no camarim??? Eu lá com Morgan, tentando manter a calma e fingindo naturalidade. Pelo rádio, chamei o pessoal da produção e em bom português perguntei o que estava acontecendo (e ele me olhando do alto de seus quase 2 metros de altura). Pediram pra eu manter a calma pois a CEB já estava a caminho para resolver o problema. Oh my Gawd!! 


Agora imaginem aí uma mulher-que-não-fala-inglês, sozinha num camarim com Morgan Freeman. Pois é. Ele, a simpatia em pessoa, olha pra mim e pergunta se estou bem. Digo "yes". Ele pergunta se estou nervosa. "Yes", novamente. E se pode me ajudar. Gaguejei "No, yes, no, yes...". Foi aí que me denunciei. Olhei pra ele e disse que meu inglês não era muito bom, mas que eu faria o possível para ele me entender direitinho. Ele respondeu com voz de ator-do-Seven "tenho certeza que seu inglês é muito melhor que meu português" (ai que fofo!). Falei macarrônicamente o que estava ocorrendo e que só nos restava aguardar. Ufa!! Consegui de novo!! 


Até que entram no camarim a mulher dele, a filha, a empresária e o Peter (até hoje não entendi se era amigo ou segurança ou os dois juntos). Juro pra vocês que nessa hora eu quis sair correndo e me atirar de cima do palco dando um moche pra platéia. Como assim eu vou ter que me comunicar com esse tanto de gente ao mesmo tempo??? Cadê a Marina???? Eu quero a minha mãe!!! Putz. 


Resumo da ópera: Morgan falou pra eles o que estava acontecendo, ficaram todos esperando animadamente, contando piadas (que eu entendia!!! Rá!) e rindo à beça. Foi lindo!!! E eu lá, jurando amizade. Falando inglês "fluentemente" e contando mil histórias (e sem álcool, afinal, eu estava trabalhando!!!). Até que a luz voltou, tudo deu certo e a cortina fechou. Aplausos, por favor! 


Depois disso tudo, me convenci que não tem escola de línguas melhor do que você se deparar frente a frente com a situação e abraçar a causa (ou o holandês, aí você escolhe). Me diverti muito, sempre. Vai ver as sopas de letrinhas que mamãe me deu quando era criança eram importadas... risos. Pra não dizerem por aí que sou mentirosa, taí a foto do dia fatídico: 


Beijinhos em várias línguas, canções e gestos. Afinal, a comunicação é uma coisa universal.

sexta-feira, maio 18, 2012

Me dê a mão, vamos sair pra ver o Sol



Eu tenho um mundo, um mundo só meu. Um mundo moderno, bonito e cheio de pessoas bacanas. Um mundo com nome e localização: a Mayralândia, no País das Ideias. Fica aqui, bem pertinho de mim.

Ora, se o Calvin pode ter um amigo só dele e a Alice um país maravilhoso só pra ela, por que eu não posso ter um mundo mais fantástico que o do Bobby? E o meu é fantástico e meio. Muito, mas muito mais legal mesmo.

Na Mayralândia não há tempo ruim. O nascer e o pôr-do-sol são os mais sensacionais de todos. Até que o de Brasília, garanto. Lá, não batemos palmas quando o Sol vai embora, isso é coisa do Arpoador. Lá a gente grita "Uhuuu!!! Sol, seu lindo!!". E o Sol sorri e se despede com um tchauzinho. Juro pra vocês.

No meu mundo as pessoas não se magooam, não se ferem, não são cruéis. As pessoas celebram a vida e o amor. Brindam pelas conquistas de cada dia, pelas boas lembranças e histórias que vivem pra contar depois. Na Mayralândia não há rancor, não há ódio nem incompreensão. Há o desejo de ser feliz. Pura e simplesmente.

Nesse mundo que eu criei só pra mim, tem praias, montanhas, cachoeiras, desertos e jardins. E flores nascem todos os dias pra enfeitar a vida de quem se quer bem. As orquídeas enfeitam o dia e as rosas perfumam a noite. Há varandas para serestas e serenatas. Há histórias de amor. Há crianças, adultos e velhos convivendo em harmonia. Há prazer.

Na Mayralândia todos nascem bonitos, simpáticos e já sabendo ler. Os moradores se presenteiam com trechos de bons livros e também oferecem uns aos outros o cantarolar de músicas, que fazem soar aos ouvidos de quem mora lá, as melodias do amor-demais, aquele do Poetinha.

No meu mundo acontecem as melhores baladas e festas que já se ouviu falar. Há sorrisos, registros mágicos e muita, muita cumplicidade no ar. Há sexo, desejo e vontade. Há amor, carinho e afeto. Há casas feitas de doces sem bruxas morando dentro. E sim, existem bruxas, porque sabemos que las hay. Mas são bruxas munidas de vassouras que limpam a sujeira de quem faz mal para o mundo e voam pra bem longe com ela.

Na Mayralândia os acepipes são todos gostosos e suculentos. Há cheiro de gostosuras pelo ar e há travessuras por suas ruas. Lá todos os dias são feriados e também a véspera deles. Não há relógio, não há portas, não há pressa... a não ser a de ser feliz sempre.

No meu mundo eu me fecho quando quero ficar bem e também quando quero me preservar dos males deste nosso mundo real. Lá, sinto o abraço quente de quem gosta de mim, de quem me ama e me quer muito bem. Na Mayralândia não há vazio. Todos os espaços são preenchidos com euforia e vontade de viver. Viajar pra lá é fácil, basta fechar os olhos e sentir. Rapidinho você desembarca e percebe como o Maestro estava errado: é possível sim ser feliz sozinho.

Beijinhos do lado de lá.

terça-feira, maio 15, 2012

Isto merece um brinde!


Nada melhor do que receber recompensas na vida. Escrevo despretensiosamente neste blog, me exponho, me abro, me acabo. Ainda assim, há compensações. 

Hoje fui surpreendida por uma mensagem de um ilustre desconhecido no Facebook que me dizia que tinha "baculejado" o Milk Shake. Não entendi e indaguei o que aquilo significava. Então obtive como resposta: "Só que li teu blog, gostei e resolvi divulgar no meu... Vc escreve muito bem e é muito divertida. Parabéns!". Dei um riso amarelo e fui atrás pra saber o que havia escrito a meu respeito. Delicinha de texto e elogios adoráveis. Mas gostei mesmo foi da perspicácia do rapaz em desconfiar que eu sou hiperativa. Hã? Logo eu que sou tão pacata e discreta?? Hahahahaha. 


Compartilho com vocês a boa surpresa do dia. Aproveitem pra incluir o blog dele (Breique) na lista de vocês, porque vale a pena.

Beijinhos convencidos fazendo tim-tim.

Acho simplesmente adorável quando a vida se apresenta mais surpreendente que arte – por “arte”, entendam tudo de duvidoso que costumo escrever aqui no Breique. Só que para isso é preciso viver intensamente e, ao mesmo tempo, saber enxergar a riqueza em cada gesto, em cada ocasião, de forma a traduzir estas pequenas vastidões em palavras.
Escrever sobre minhaa própria vida nunca foi meu forte, e raramente o faço. Não se trata preservar a intimidade ou qualquer bobagem assim. Minha dificuldade resulta do fato de que sempre achei minha própria vida bem desinteressante. Entendam bem a situação: a vida em si não é desinteressante, mas para falar dela com genialidade é necessário encontrar o ponto forte nas coisas comuns que recheiam os dias.
É exatamente esta epifania que tive quando conheci o alvo do nosso Big Blog Baculejo de hoje, o Milk-Shake, um blog onde Mayra Cunha fala sobre aventuras e acontecimentos de sua vida com um humor calórico de adjetivos e saboroso de criatividade.
É certo que a moça deve ser meio hiperativa para viver tantas aventuras ali descritas, mas sem dúvida é o seu olhar que dá o tom descontraído quando fala do seu aniversário, é a sua interpretação que torna hilária uma história sobre uma carteira encontrada num taxi (e seu dono misterioso), assim como é o seu ângulo de abordagem que nos faz ler de um tiro sua descoberta de que se torna abstêmia em grandes ocasiões alcoólicas – deve ser por isso que nunca nos conhecemos, eu sempre desconfio de quem não bebe…
Está achando pouco? Então beba esta batida: sabe o que é adorar leite e seus colegas derivados, mas ter intolerância à lactose, e ainda por cima se dedicar a escrever um blog chamado justamente Milk-Shake? Para quem é chegado numa ironia assim como eu, isso é o must da modernidade humorística!
E já que o nome do blog é o da tal batidinha de leite com sorvete, Mayra decora sua página com temas de cozinha, outra de suas paixões. Se ficasse só na cozinha já estava bem bão, mas o vai além: está cheio de ilustrações da década de 50, do tipo comercial da General-Electric com aquelas donas de casa american way of life que parecem saídas dos seriados “A feiticeira” e “Jeannie é um Gênio”. Quem não adora?
Jornalista, publicitária e outras coisinhas mais, me parece infrutífero falar sobre a autora quando ela já se apresenta tão eloquentemente; vejamos uma partezinha de Mayra por ela mesma:
“Comecei a falar aos 9 meses de vida e não parei até hoje. Coloco alho e azeite em tudo. Tenho intolerância à lactose mas abstraio. A vida sem queijo fica muito sem graça. Meu estômago não agradece. Gosto de ir passear no Extra e no Pão de Açúcar quando não tenho nada pra fazer, só pra ver o que tem de novo no mercado. Adoro os rótulos e as embalagens. Devo ser mesmo doida. Mas tem gente pior. Acredite.
Puxa, ainda não te convenci a visitá-la? Quem sabe então você se decida a partir da avaliação do Big Blog Baculejo: Milk Shake é gostoso que nem o nome, divertido como sua autora e hilário como… Intolerância à lactose!

quarta-feira, abril 18, 2012

Constatações de uma vida inquieta


Aí que eu fiz 36 anos há umas duas semanas e encontrei um post deste blog que escrevi no meu aniversário de 29 (isso mesmo, há sete anos, direto do túnel do tempo). Achei divertido postá-lo novamente com as devidas atualizações. Quem teve a oportunidade de lê-lo na época, vai lembrar e perceber o que surgiu de novo. Os mais sensíveis, não se ofendam. Afinal, quem viveu tudo isso fui eu, né? E como vivi!!! =)

colei na escola, matei aula, fiquei de recuperação e até calotei ônibus na adolescência;

quis fazer História, Letras, Ciências Políticas e até Medicina depois de formada em Comunicação (viram que não rolou, né?);

dividi apartamento e morei sozinha por 6 anos. Voltei pra casa por mais 6 e já estou há 3 morando sozinha de novo; 

Já ganhei beijinho do Chico Buarque, os telefones dele e um pedido de "não deixe de me ligar", do próprio;

fiz jazz, balé, ginástica olímpica, yoga e natação. Tentei fazer tai chi chuan, capoeira, kung fu e sapateado, mas meu talento não permite tanto. Parei no Pilates;

tive 6 namorados e 1 namorido;

Já dei, doei, emprestei, mas nunca aluguei ou vendi;

fui metida a hippie, metaleira, comunista e, pasmem!, freqüentadora de exposições agropecuárias na adolescência;

entrei com tudo numa elétrica na rua do Beirute, achando que fosse uma garagem, em plena Sexta-Feira Santa, na primeira vez que dirigi um carro e quase destruí a loja;

tive catapora, nefrite, rubéola, varizes, hematomas oriundos de falta de equilíbrio, rasguei o queixo três vezes, mas nunca engessei nenhuma parte do corpo;

quis me chamar Mayra Cunha Fernandes, Souza, Fonseca, Pitt, Cruise e até Buarque de Holanda;

quis morar no Rio, São Paulo, Recife, Paris e Piauí, mas nunca arredei o pé daqui;

Posso tirar onda e dizer que já abracei, dei beijinho e troquei um lero com Morgan Freeman, Bruno Garcia, Luís Fernando Veríssimo, João Ubaldo Ribeiro, Palhaço Carequinha e até com o Gianechinni (sim, sim, sim);

fui amadora, locutora, apresentadora, produtora e raladora. Hoje sou servidora;

li Paulo Coelho e Lair Ribeiro (ah, são pérolas da literatura tosca totalmente recomendáveis);

pulei cerca, subi muro, trepei em árvore e fui campeã de bolinha de gude e pião na minha quadra;

fui pra Ouro Preto ver o Festival de Cultura e Arte da UNE como "carregadora oficial de pratos de bateria" só pra ter uma função e conseguir carona no ônibus da banda que ia se apresentar lá, aos 16 anos;

viajei de Fusca de Recife para Brasília, depois de um carnaval, e demorei mais de uma semana pra chegar porque achava divertido acampar na areia de todas as praias do caminho, aos 19;

quebrei meu nariz de férias em Barcelona, em plena Copa do Mundo e fui em seguida pra praia e pro show do Kiss;

Já passei cinco carnavais em Olinda e um sem-número no Rio e acho que não paro por aí;

Já me fantasiei de Minie Mouse, de melindrosa e de copo de chope em festas à fantasia;

cozinhei mal e cozinhei bem pros amigos e minha família. Já queimei muita panela e também já recebi elogios por receitas que deram certo;

beijei mulher e não vi graça nenhuma, continuo achando os homens muito mais legais;

quebrei os dois dentes da frente numa queda na noite anterior à comemoração do meu aniversário de 32 anos. E já quebrei um deles também pulando numa piscina depois de algumas cervejas, aos 18;

desfilei duas vezes na Sapucaí e vi de perto o Paulinho da Viola vestido de Malandro;

pensei em ser espírita, atéia, Hare Krishna, astróloga e me encontrei no budismo;

chorei vendo A Noviça Rebelde, quis namorar o Kevin Bacon em Footloose e sonhei ser a Jenniffer Beals em Flashdance;

imitei a Madonna num programa de televisão local, cantando Like a Virgin, aos 10 anos (mico? imagina...) e quase me rasguei no meio de emoção ao ver um show da Diva em 2008;

falei fluentemente inglês, espanhol, francês, italiano e até japonês depois de algumas cervejas;

sofri seqüestro relâmpago e se livraram de mim assim que comecei a falar muito e querer ficar íntima;

fui Pato-Pateta na apresentação da escola sobre a A Arca de Noé e o "mato" em A Linda Rosa Juvenil ("...o mato cresceu ao redor, ao redor, ao redor...", lembra?? e eu lá no fundo vestida numa roupa-que-imitava-grama feita de papel crepom verde, subindo e descendo, abanando as mãozinhas. Praticamente uma precursora da famosa "ôla" dos jogos de futebol).

escrevi uma adaptação de Cinderela para o teatro, aos 11 anos de idade, numa máquina de escrever Olivetti que foi do meu avô e que foi encenada na varanda da minha casa;

fui vesga, barriguda, desgrenhada e andava com os pés pra dentro que-nem-um-papagaio e acho que até dei uma melhoradinha de lá pra cá;

fui, já quis, já fiz,pensei, já tentei, já larguei, já isso e já aquilo. Agora, no pós-30 estou partindo pro ainda-falta-muita-coisa.

Beijinhos sempre me preparando pro dia de amanhã.

terça-feira, março 27, 2012

Trinta e quantos, mesmo??


No próximo sábado completo 36 anos, ou melhor, 36 outonos, porque eu não nasci na primavera, me desculpem os mais puristas. Uma amiga gaiata me alertou: "Mayra, aproveita esta semana que é a última que você ainda está mais perto dos 30. A partir da semana que vem você estará mais próxima dos 40". Todo mundo tem a sua maneira de ver as coisas, não é mesmo? Eu nunca tinha visto por esse lado.

Ok, estou com 35 anos. É tanta história pra contar, tantas ressacas vividas, tantas farras aproveitadas, tanto choro e riso extravasados. São tantas paixões e desilusões perdidas. Tantos beijos, abraços e afagos. São tantas memórias, tantos brindes, tantas viagens. Tantos micos que paguei e vergonhas que passei. São 35 anos de comemorações de aniversários (nunca deixei de comemorar um só!). São tantos carnavais e festas de ano-novo. Natais com e sem a minha família. Muitas discussões inflamadas em mesas de bar, cantorias desafinadas depois da última saideira, incontáveis "fechamentos" do Beirute. São baladas, shows, filmes, livros, teatros e exposições de arte. Feijoadas, churrascos e cervejadas. Tantos pratos experimentados e panelas queimadas. Tantos elogios e críticas. Perdas e conquistas. Crises de asma, de coluna e de idade. Opa, de idade?? Acho que não.

Ah, eu me sinto bem, vai. Estou num momento de reflexão, de auto-entendimento e de vontade extrema de fazer coisas que nunca fiz! E não, eu não vou contar pra vocês que coisas são essas, tá? Favor não insistir, a gerência agradece.

Ao mesmo tempo me sinto como se tivesse com 18 anos. Tudo bem, tudo bem, sem exageros... vou completar essa idade duas vezes, então isso deve ser algum sinal, né não? Tá bom, é muita cara-de-pau da minha parte. Ou não é?? Será porque cheguei aos 36 sem (ainda) ter casado? Sem (ainda) ter tido filhos? Sou uma eterna adolescente. Ah, sou mesmo. Pergunta pra minha mãe.

O que eu sei é que a idade não está "pesando", mas as vontades estão mudando. Os anseios e medos não são os mesmos, os planejamentos se transformaram, assim como as prioridades. Pelo menos o bom-humor continua e o jeito sapeca acho que vai conviver comigo até o fim dos meus dias, e que este - espero eu - demore muito ainda pra chegar.

Cá estou, uma mulher de quase 36 anos e que nunca teve problemas em bradar sua idade. Contando os dias do aniversário não pra ficar mais velha, mas pra comemorar como todos os anos, recebendo todo amor e carinho daqueles que sei que gostam de mim. Talvez o tempo tenha me deixado mais melancólica... De acordo com Carlos Heitor Cony, "Nostalgia é saudade do que vivi. Melancolia é saudade do que não vivi". Talvez esteja bem aí o segredo da minha proximidade com os 40. Aguardem que ainda tem muito por vir!

Parabéns e felicidades pra nós. O Maestro já dizia: "É impossível ser feliz sozinho". Será?

Beijinhos sempre aniversariantes.