quinta-feira, fevereiro 14, 2013

Uma Grande Maçã gelada



Depois de dias de ansiedade, cheguei de férias em Nova Iorque super gripada. Depois de enfrentar nove horas de voo sem um único remédio pra tomar, fui esperar meu amigo-anfitrião numa simpática praça de Chinatown sob chuva e muito frio. Ainda assim, achei tudo lindo.

- Mayra, seja bem-vinda! Que pena que você está gripada, achei que iríamos tomar uma cerveja hoje.
- Ué, quem disse que não vamos? Estou em Nova Iorque!!!

E assim foi. Carinho do amigo de muitos anos, encontro com a pequena irmã, passeios, risadas, comprinhas e muito, muito frio.

Eu nunca tinha visto neve e confesso que estava bem preocupada com as temperaturas abaixo de zero que me aguardavam. Checava a previsão todos os dias. Mesmo os sete graus negativos não me assustaram nem me impediram de sair de casa. Dizem que a vitamina C americana é excelente. Usei e abusei. Afinal, eu estava de férias nos Estados Unidos, néam?

Consegui fazer amizade em bares a cada saída. Treinei o inglês, conheci cervejas e pessoas novas. Deixei até escapar, certa noite, que nunca tinha visto a tal chuva congelada e seus flocos brancos. Na mesma noite, por obra do destino, começou a nevar de uma forma poética. Alvo e lento. Então as pessoas da casa de jazz onde eu me encontrava se mobilizaram para mostrar pra gringa (no caso, eu) como era a neve. Me levaram lá pra fora, tiraram fotos da minha cara de boba, me abraçaram e brindamos à minha mais nova experiência. Pronto, perdi ali a virgindade "nevística".

Depois disso a neve se tornou uma constante. Eu já estava íntima. De repente, fico sabendo que está vindo uma tempestade com direito a nevasca. Vejo notícias na imprensa brasileira fazendo alarde, avisando que os moradores deveriam fazer reserva de suprimentos, se proteger e evitar sair de casa. Oi?? Pois no dia da tal nevasca eu estava perambulando pelas ruas, visitando museus, indo a restaurantes e passeando debaixo da tempestade de neve. Ríamos encantadas. Tive o prazer de pisar naqueles flocos macios espalhados no chão, caminhar sobre o chão branco aprendendo a não escorregar naquele gelo todo. Verdadeiras aulas de malabarismo e jogo de cintura.

Nevou muito. O frio não deu trégua. E eu parecia uma menininha. Minha infância no calor de Teresina não previa estar num lugar tão gelado e me divertindo tanto. A neve é linda enquanto cai, mas depois que cai, vira um suplício. As ruas ficam cheias de gelo, há o medo de escorregar na rua, o frio que piora e a umidade do ar que despenca e faz os lábios racharem. Mesmo assim eu achei tudo divino e maravilhoso.

Sim, eu vi poesia na neve, mas voltei com uma certeza: sonho realizado but it was enough! Não quero saber de neve tão cedo na minha vida. A viagem foi mágica e eu me diverti muito, mas chegar no Brasil no meio do carnaval e fazendo dias lindos de sol e temperaturas altas não teve preço. Nessas horas é que a gente se dá conta de que um país tropical tem seus encantos e vantagens. E eu adoro isso.

Mas decidi também que quero voltar a Nova Iorque muitas e muitas vezes. Mas sem neve, por favor! Como diz meu pai: tudo que é demais, cansa! Mesmo que seja mágico e bonito.

Beijinhos aquecidos pelo calor humano recebido na minha volta pra casa e com muuuuuitas histórias pra contar.